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Associação Atlética Tigre Branco nasceu na Praça dos Eucaliptos e já chegou à QNR
Associação Atlética Tigre Branco nasceu na Praça dos Eucaliptos e já chegou à QNR

Buscar atividades para driblar a ociosidade de crianças e jovens que moram em regiões administrativas de menor poder aquisitivo é um grande desafio para quem não consegue fazer vistas grossas a essa dura realidade. O futebol é uma das ferramentas mais utilizadas por esses verdadeiros agentes sociais.

Em um bairro de Ceilândia, na QNR, José Francisco de Jesus Costa, mais conhecido por Manin, deu um jeito de ocupar as crianças criando uma célula de seu projeto – Associação Atlética Tigre Branco  –, que já funciona na Praça dos Eucaliptos, em Ceilândia Norte. O mote é o futebol, modalidade preferida entre grande maioria dos brasileiros.

Morador da região há sete anos, ele observou que as crianças não tinham muitas opções de lazer. Fez divulgação da escolinha e, em duas semanas, de 200 fichas de matrícula distribuídas, 150 foram preenchidas. O projeto atende crianças das QNR 1, 2, 3, 4, 5, Expansão do Setor “O”, P Norte e também de Águas Lindas-GO. A escola oferece aulas para crianças e jovens de 7 a 17 anos.  “Temos a intenção de formar cidadãos conscientes de seus direitos e atuantes na sociedade”, explica Manin.

As atividades são divididas entre Manin e os coordenadores Luan Duarte, Ezequiel e Naldo. Todos ajudam com os jovens atletas. Eles também contam com o carinho, disposição e dedicação de Maria do Carmo, cozinheira, que também ajuda a preparar o lanche para os atletas.

A garotada da região comemora. Vinicius Aguiar dos Santos, 11 anos, volante, conta que não era de ficar na rua, mas tinha um comportamento meio rebelde em casa. “Não queria ajudar em nada em casa. Depois que entrei no Tigre Branco, aprendi que tem de obedecer à mãe e eu comecei a ser mais obediente”. O atleta sempre amou o futebol e garante que vai “continuar se dedicando tanto em casa quanto na escola”.

Michael Jackson, 8 anos, é um dos caçulas do projeto. Ele jogava bola, mesmo sem orientação alguma e não vislumbrava muita coisa da modalidade, mas agora já sonha alto. “Quero jogar no Flamengo e também vestir a camisa da seleção brasileira”, almeja. Cauã Oliveira, 11 anos, atacante, também comemora. Segundo ele, se não houvesse a escolinha, estaria jogando na rua e não poderia melhorar suas habilidades.

Há quem ache bom até mesmo as cobranças em relação à escola. Davi Souza, 13 anos, reduziu muito suas brincadeiras na rua. Ele alega que precisa estudar, fazer as tarefas direitinho, pois o coordenador do projeto cobra bom desempenho escolar. “Pela manhã, vou para a escola. À tarde, faço minhas atividades e estudo um pouco, depois é que vou para o futebol. Melhorei bastante, porque o Manin cobra o boletim escolar. Minha família também está feliz, pois vê como uma oportunidade de esporte e lazer e afasta a gente das drogas”, relata Davi.

Se as crianças comemoram, os familiares não ficam para trás. Gilvan José da Silva, pai de um dos alunos que frequenta a escolinha, afirma que em pouco mais de um mês já viu diferença no comportamento do filho, e também sua evolução no futebol. “Ele sempre foi um aluno mediano. Não está atrasado, mas dá preferência para as brincadeiras. Porém, depois que começou no Tigre Branco, está mais calmo e tem demonstrado mais técnica no futebol”.

Boa vontade e falta de recursos

Os jovens agora têm o refúgio no futebol, mas as dificuldades para manter o projeto são muitas. “Quem trabalha com esporte, principalmente com projeto social, tem muito gasto. Aqui, precisamos de materiais esportivos (uniformes, cones, coletes, redes), lanche para a garotada”, informa Manin.

A dura realidade bate à porta e revela que a alegria em poder levar um pouco para quem não tem quase nada esbarra nas condições financeiras.  “Esporte traz alegria, paz, felicidade. Gosto muito de lidar com crianças e adolescentes. Tenho vontade de contribuir mais, só que, infelizmente, não tenho condições, conta Manin.

O projeto funciona em uma casa da QNR 3, em frente ao campo de terra, onde recebem os pais e alunos e preparam, quando é possível, lanches para os alunos. Porém, está difícil permanecer no local. Faltam recursos financeiros para manter o básico. “Infelizmente, não temos condições de permanecer na casa, falta dinheiro para pagar contas de água e luz. Já não pagamos aluguel, pois o espaço foi cedido”, revela Manin.

Maria Elza Pereira dos Santos é quem cede o espaço. Ela viu no projeto de Manin uma grande ajuda para evitar que os jovens fiquem na rua. Além do espaço, Elza também ajuda na alimentação dos pequenos. “Sempre estou pedindo doações nas feiras, em mercados”, conta.

Embora acredite na força da união, Elza não tenta passar à sociedade a responsabilidade com os jovens da região. Para ela, o governo é que deveria dar mais atenção. “Não acho que a população teria de arcar. O governo é que deveria dar condições para os pais trabalharem e formar essas crianças em cidadãos. Mas o governo não olha para as quadras da QNR. Estamos abandonados”.

Como ajudar?

A Associação Atlética Tigre Branco vai disputar a 8ª Copa Guará de Futebol Infantil, que será realizada de 16 a 25 de janeiro, na cidade de Guará, São Paulo. Para isso, os coordenadores buscam patrocínio. Contatos: Manin – (61) 9316-1974, 84274216 e 8125-8021; pelo site www.tigrebranco.webs.com; email: aatigrebrancodf@gmail.com; ou página social: www.facebook.com/tigrebrancodf

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