Guina: Humildade inabalável
Há pouco tempo, Lucas Oliveira Fernandes era uma jovem promessa do futsal. Hoje, aos 24 anos, é um dos técnicos mais respeitados do DF
Kátia Sleide
Nem mesmo o sucesso e o respeito conquistados em quadra fizeram com que o jovem técnico de futsal, Lucas Oliveira Fernandes, 24 anos, se desprendesse de sua conduta, considerada por todos que convivem com ele, como irreparável. Conhecido nas quadras por Guina, o rapaz ainda vai longe.
Lucas Oliveira, o Guina, coleciona títulos como atleta de futsal, entre eles o Mundial Escolar. E participou do Brasileiro de Seleções em 2011; da Taça Brasil Sub-17 (primeira divisão), entre outras importantes competições.
A carreira como atleta foi de sucesso, porém, muito jovem, esbarrou em limitação física, devido a um trauma no joelho. O ocorrido não tirou Guina das quadras. Afastou-o como jogador, mas o aproximou de vôos mais altos.
A mãe, Reny Oliveira, conta que o filho está no cenário esportivo há mais de dez anos. E lembra os altos e baixos que ele passou até então. “A notícia da convocação dele para o seu primeiro mundial nos deixou em festa. Mais ainda quando voltou com o título. No ano seguinte, teve a infelicidade de quebrar o joelho e não poder ir para o segundo mundial”.
Reny diz que mesmo a ausência nas quadras não lhe tirou o entusiasmo e a vontade de crescer. “Ele nunca se deixou abater ou mesmo pensou em desistir. Lucas é um rapaz de caráter irreparável, tem hombridade imensurável e nada atinge ou abala sua humildade. Nem mesmo o sucesso atual o perturba”, frisa.
Um misto de respeito, admiração e carinho
Se alguns podem não levar em consideração as belas palavras de Reny, por ser mãe de Lucas Oliveira, o que dizer das declarações de dois nomes de extrema relevância no futsal do Distrito Federal voltadas a Lucas?
Pois é, Guina desperta naqueles que têm a honra de conviver com ele o mesmo sentimento da mãe, Reny Oliveira. Atualmente, Guina comanda a equipe da categoria Adulto Feminino da Apcef/Adef/Upis.
A reportagem procurou a coordenadora-geral do projeto, Tatiana Weysfield, para saber sobre o técnico e as palavras vieram bem diretas: “Ele veio, literalmente, para tomar meu lugar, para me substituir. Veio para assumir o Adulto Feminino e já está fazendo. Hoje, estou muito mais auxiliando. Com a vinda dele, posso ter minha tão sonhada aposentadoria das quadras”, revela Tatiana e bem segura de que está entregando a Lucas Oliveira Fernandes uma missão difícil, mas que tem a certeza de que estará em boas mãos.
Outro nome de destaque no cenário do futsal do DF é Edson Silva, o lendário Tio Chico. Conhecido por seu jeito despojado, excêntrico e alegre, o técnico comanda algumas categorias do Cresspom, nos naipes Feminino e Masculino.
Em 2017, Tio Chico contou com Guina à frente da categoria Sub-15 Masculino. Para o excêntrico e lendário treinador do Cresspom, falar de Guina é difícil, porque ele o tem como filho e a emoção se aflora. “O Guina é uma pedra preciosa que está sendo lapidada pelo monstro sagrado Carlos de Souza Maia, o Carlão. Se eu sou lenda, o Carlão é meu mestre. E quanto ao potencial do Guina, não tem como falar. O conhecimento que ele tem do futsal é fantástico. Se ele extrair 5% do Carlão, ele será técnico da seleção brasileira de futsal. O Carlão tem um conhecimento tão grande de futsal, que me espanta”, avalia Tio Chico.
O lendário destaca outro nome do cenário salonista: “Além de estar lá no Fátima com o Carlão, ele está nas mãos de outro monstro sagrado, que é a Tatiana Weysfield, que sabe tudo do futsal. Tati dispensa qualquer comentário em se tratando da profissional que ela é. Levantou o futsal feminino no DF e agora levou o Guina para treinar com ela”.
Ligação com o social
Tio Chico também faz questão de ressaltar a importância do trabalho realizado no Colégio Fátima, que tem Carlão, como idealizador, e Guina, técnico. Por meio do futsal, o projeto oferece bolsa de estudos para atletas, principalmente os de baixa renda. “É um projeto escolar muito importante. O projeto deles é reconhecido no Brasil, porque o Fátima é campeão mundial de futsal escolar. Carlão e Guina vêm fazendo um trabalho social que tira as crianças da rua dando oportunidade de educação. Isso não tem preço”, ressalta.
E finaliza: “O Fátima é referência no Brasil. Não é só local. Ainda terei a honra de trabalhar com o Guina e com o Carlão nesse projeto. E a Tati é esse monstro sagrado do futsal feminino. Já disse a ela que um dia ainda vou carregar água pra ela. Um dia ainda vou trabalhar com Tati. Antes de eu parar, ainda vou trabalhar com ela pra aprender alguma coisa. E quanto à Apcef/Adef/Upis, posso dizer sem medo de errar que a associação está bem assessorada com a ida do Guina para lá. A Tati é referência no Brasil. Logo estarei com ela para aprender alguma coisa com eles lá na Adef.
Lucas Oliveira Fernandes, o Guina, completa no dia 25 de abril 24 anos de idade. Tão jovem e cheio de conquistas, não há dúvida que muitas coisas boas ainda estão por vir. Parabéns, grande figura humana. Feliz aquele que tem o privilégio de conviver com você, um cidadão simples, de coração enorme, sorriso fácil e compromisso com o social.