Cleber Pires, presidente da Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF), assumiu a cadeira há pouco mais de dois meses e o trabalho já está a mil por hora, afinal, a entidade engloba todo o setor de comércio e as necessidades são muitas.
Para chegar onde está, Cleber Pires construiu uma história aguerrida e de muito trabalho. Ele conta que começou a ganhar dinheiro de “cabeça baixa”, pois trabalhava de engraxate, quando criança, em sua cidade natal, São João Evangelista-MG.
O pai era funcionário público e a mãe tinha um pequeno comércio. “Nasci e me criei com todas as necessidade de uma família humilde e, vindo atrás do sonho de JK, vim para Brasília com 17 anos e 29 dias”, conta o presidente.
Começou a trabalhar, mas também chegou à conclusão que não tinha vocação para ser empregado de ninguém. Logo apareceu uma oportunidade. O dono de uma churrascaria, no Gama, alugou o local para Cleber, com toda a estrutura. Ele passou um ano com o comércio e resolveu montar uma casa noturna, em sociedade com pai, no Gama.
Passado algum tempo, saiu do negócio. Como pagamento de sua parte, o pai lhe deu dois carros e duas motos. Sem ter onde guardar os veículos, foi para baixo de uma árvore para vendê-los. Dois meses depois, já estava em uma sala, no Edifício Rádio Center e, em seguida, com uma loja maior, também na Asa Norte.
O sucesso era notório, mas, em 1994, enfretou muitas dificuldades, pois, de acordo com o presidente, eles eram conhecidos por “picaretas do automóvel”. Era preciso agir e, para ele, somente a união empresários do setor podia mudar a situação.
Para isso, bateu de porta em porta, até que conseguiu fortalecer o setor, com mais de cem empresas organizadas. Em um determinado período, a pressão para tirar os empresários da Asa Norte era grande, mas o grupo estava forte e também ameaçou parar as atividades por um dia, o que rendeu ações do poder público, até que surgiu a Cidade do Automóvel, local consolidado e que falta muito pouco para chegar ao ideal de um setor de empresas.
Em entrevista ao ViverSports&Motores, Cleber Pires fala sobre a ACDF, as expectativas para o comércio e setor automotivo neste fim do ano.
O que os empresários podem esperar da nova gestão?
Temos muitas demandas para atender, mas a revitalização do comércio, a segurança pública e a criação da zona azul (estacionamentos rotativos) são nossas prioridades.
Qual a expectativa para o comércio neste fim de ano?
O Distrito Federal não é diferente de outros estados brasileiros. No fim do ano, sempre vem uma injeção de capital, com o 13º salário. Isso também gera empregos temporários e a probabilidade de novas contratações para o próximo ano.
E para o setor automobilístico, também há boas perspectivas?
No fundo, as pessoas são muito vaidosas e é natural que muitos queiram trocar, pelo menos, a cor do carro, no fim do ano, o que acaba aquecendo as vendas do setor, como ocorre todos os anos.
Mesmo no caso de carros seminovos?
Exatamente. Chamo a atenção do público para que antes e comprar um carro zero, dê uma olhada nos seminovos. Com a redução do IPI, esse mercado também reduziu os preços.
O governo estendeu a redução do IPI até 31/12, quando seria até 31/10. Como ficam os consumidores que não conseguirem receber o carro até esse período?
Será que isso não é mais uma jogada para forçar as vendas dos carros novos? Será que vai, mesmo, até 31/12? Precisamos esperar pra ver. Mas, se for, o público que não conseguir que as montadoras entregue os carros até 31/12 corre o risco de ter de pagar mais pelo produto.
A Cidade do Automóvel está consolidada. O que falta para deixá-la melhor ainda?
O governador do DF, Agnelo Queiroz, já acenou com autorização para algumas ações que vão melhorar bastante o local, como a construção da Avenida Central e uma praça de alimentação. Temos um PIB bastante elevado naquela região e merecemos essas obras. Ou seja, falta muito pouco e será concluído em breve.
Brasília receberá dois grandes eventos esportivos: a Copa das Confederações, em 2013, e o Mundial, em 2014. Como está a preparação dos comerciantes para esses dois importantes períodos?
A maioria está ministrando cursos e palestras de capacitação para os trabalhadores, já pensando nesses dois grandes eventos. Há uma mobilização de outros órgãos. A população não utiliza, mas o Sebrae, entidades de classe e outros órgãos públicos estão prontos para oferecer cursos de capacitação. A partir daí, é só preparar o espírito e a casa para receber gente do mundo inteiro.
Você assumiu a ACDF há pouco mais de dois meses. Além das demandas a serem atendidas, o que deixaria de mensagem para os comerciantes do DF?
A população e o empresariado devem se organizar, porque com organização, dificilmente será vencido. A partir do momento que houver essa consciência associativa, teremos uma vida melhor, em qualquer lugar. Só assim, somos capazes de unir forças em torno de alguma causa.