Visita das meninas da seleção brasileira de futsal deixa crianças do projeto Capital Feminina em êxtase
Kátia Sleide
Os sábados já são bem animados para algumas garotas da Estrutural que participam do projeto Capital Feminina. Porém, no que passou, além de animado, foi mais especial ainda com a visita da seleção brasileira feminina de futsal ao projeto.
As atletas que participam do projeto Capital Feminina ficaram extasiadas com a visita das melhores jogadoras do Brasil. Questionada pela reportagem, uma delas, Renata, mais conhecida por Baiana, disse que estava gostando muito de vê-las. Algumas já mais crescidas olhavam com admiração e brilho no olhar.
E se a visita deixou as crianças e jovens da Estrutural encantados, para as atletas e comissão técnica da Seleção Brasileira de futsal não foi diferente. Para a pivô Juliana Delgado, atleta do Atlético de Madri, na Espanha, há oito anos, a visita foi bem especial. Estamos vindo de outro projeto social também aqui do DF. É emoção atrás de emoção. Olho para essas meninas e me vejo nelas, pois também sou uma pessoa que veio de vila”, diz Ju.
Ju Delgado conta que começou sua carreira no Brasil e está dando continuidade nela lá na Espanha, onde espera encerrar sua participação no cenário profissional. A volta para o Brasil está em seus planos e em grande estilo. “Quero voltar para cá e trabalhar com o futsal como inclusão social. Sou formada, quero ter meu trabalho, mas também participar dentro do meu país e colaborar para corrigir as debilidades que existem aqui”, comenta a atleta.
Emocionada, Ju faz uma observação. “Muitas vezes, os políticos nos pedem para ser referência para os mais jovens. Podemos até ser, podemos até fazer com que essas meninas olhem pra gente, mas se elas não tiverem oportunidades, essa referência não serve pra nada”, alerta.
Tatiana Weysfield, supervisora da Seleção Brasileira de Futsal Feminino e coordenadora de projetos do Departamento de Futsal Feminino da Confederação Brasileira de Futebol de Salão, já conhecia o projeto e conta que a intenção era mostrar às atletas quem elas de fato representam. “Eu já conheço o projeto e sei do brilhante trabalho que é realizado lá. Por isso levei as meninas. Muitas choraram e até já estão se mobilizando para ajudar. Elas disseram algo que reflete o que viram: ‘Não somos nada. Nossos problemas são muito pequenos diante do que vimos’. Foi muito emocionante, pois passou um valor muito bom a elas”.
Gratidão
Camilla Orlando Santana Veríssimo, presidente do Capital Feminina FC, está à frente do projeto que funciona na Estrutural, desde fevereiro de 2015. Segundo ela, a presença da Seleção Brasileira de Futsal Feminino foi um momento único e inspirador. “Foi muito gratificante tê-las ali conosco, inspirando as jovens promessas da modalidade e também para serem inspiradas. Sem dúvida, elas perceberam a responsabilidade, pois elas são as representantes do futsal feminino brasileiro no momento. Acredito que estamos bem representadas, dentro e fora de quadra”.
Ela faz questão de agradecer Tatiana Weysfield pela iniciativa e aproveita a oportunidade para elogiar a amiga. “Somos amigas de muitos anos, já jogamos juntas e vi o início do projeto dela, a ADEF. Sempre foi uma profissional apaixonada pela modalidade e marcou mais esse ponto positivo levando as meninas ao projeto”, reconhece Camilla Orlando.
O Projeto
O Capital Feminina FC existe desde 2012 e sempre participou de ações sociais. Mas foi em 2014, após o programa de Mentoria Esporte para a Comunidade, ocorrido nos Estados Unidos, é que a despertou ainda mais a vontade de tornar as ações em projeto social.
Camilla conta que sempre acreditou no poder das parcerias e, em 2015, entrou na Estrutural, com o apoio do professor Alessandro Maciel, mais conhecido como Alessandro Seco. “Temos como grande parceiro e padrinho o projeto Ajax, do professor Alessandro Seco. Sem o apoio dele, seria difícil entrar na comunidade”, conta. Alessandro Seco desenvolve seu projeto há mais de 10 anos na Estrutural. E completa: “Não tinha melhor parceria pra gente”.