
Diego Almeida e Victória Tomé moram na periferia, mas não se entregam às dificuldades impostas
Todo e qualquer esporte é uma ferramenta social e com o Jiu-Jitsu não é diferente. Na última década, assistimos ao crescimento da modalidade, assim como também são inúmeros os nomes que se destacam entre os melhores. No Distrito Federal, cresce o número de projetos sociais que revelam talentos e dão oportunidade a jovens da periferia de estarem entre os melhores do mundo.
Em Ceilândia, a Academia Cei Jiu-Jitsu é um desses projetos que formam mais que atletas, mas cidadãos do bem, e trabalha para que eles conquistem os lugares mais altos do pódio e da vida, como Victória Araújo Tomé, 17 anos, e Diego Almeida Ferreira, 19 anos, ambos faixa azul.
Victória Tome: 11 anos de dedicação ao Jiu-Jitsu
Victória Tomé Araújo, 17 anos, treina Jiu-Jitsu desde os seis anos de idade. Ela pertence à equipe Cei Jiu-Jitsu, que tem à frente o mestre Claudio Careca. Este ano, a atleta venceu o Sul-americano, passou pela seletiva de Abu Dhabi e foi campeã brasileira.
Ela lamenta ainda não ter conseguido lutar em Abu Dhabi, sonho que tenta realizar desde os 14 anos. “Ainda não tive a oportunidade. Tento desde que era infanto-juvenil, quando lutava na Adulto, mas ainda não consegui. Este ano, fiquei em terceiro lugar no Absoluto e na categoria, na seletiva em Gramado-RS”.
A atleta, que teve excelente atuação no Brasileiro do ano passado – foi campeã na categoria Juvenil (faixa azul), neste ano, enfrentou dificuldades, pois subiu para a categoria Adulto, onde o nível é bem maior. “Este ano foi diferente, pois na categoria Adulto tem mais atletas inscritas e é bem mais disputada. Consegui o vice-campeonato, em 1º de maio, perdendo a final por 2 x 0”, contaVictória.
Chegar às competições não é fácil, pois falta patrocínio. Mas Victória tem conseguido participar devido ao programa Compete Brasília, do Governo do Distrito Federal, executado pela Secretaria de Esporte do DF. Além disso, conta com o apoio de dois grandes amigos. “O Sr. Miro, da Via Leste Materiais para Construção, e o Sr. Francisco, do Restaurante Saborear, têm me ajudado bastante”.
Desafios
Victoria Tomé vai disputar o Mundial na Califórnia, de 28 de maio a 1º de junho. Ela foi contemplada pelo programa Compete Brasília, com as passagens de ida e volta, porém, ainda não sabe como vai se manter na cidade. “Estou carente de patrocínio. Ganhei as passagens, mas falta a hospedagem e a alimentação. Meu sonho é voltar do mundial campeã. É a maior competição do mundo e estou muito focada. Voltarei para Brasília com este título”.
A cada luta, um aprendizado. Perder ou ganhar, para ela, sempre fica uma lição. “A cada campeonato, sinto-me mais experiente. O Jiu-Jitsu nos amadurece e nos ensina lições para a vida toda. Dentro e fora dos tatames. Isso me faz crescer como atleta e como mulher. Agradeço a Deus todos os dias por ter me dado a oportunidade de conhecer a modalidade”.
Além da paixão pelo Jiu-Jitsu, o que motiva Victória a seguir em frente são as pessoas que acreditam em sua determinação e dá aquela força para a atleta. “Além do Sr. Miro, da Via Leste Materiais para Construção, e o Sr. Francisco, do Restaurante Saborear, quero agradecer o Instituto Alimente Nutrição Esportiva, e ao José Roberto, do Tratamento de Choque. E também o secretário Célio René, da Secretaria de Esporte do DF”, finaliza.
Sorriso cativante e muita vontade de vencer
Diego Almeida Ferreira, 19 anos, participou de duas importantes competições, recentemente, e voltou com o vice-campeonato nas duas – Mundial de Abu Dhabi e Campeonato Brasileiro da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (Barueri-SP). Para ele, ficou a frustração por não trazer o ouro, mas reconhece a importância de participar de uma competição tão importante. “Confesso que fiquei meio abalado, pois treinei muito para essa competição. Mesmo assim, foi bom estar entre os três melhores do mundo na minha categoria – Faixa Azul até 82kg”, conta Diego.
O preparo para participar as competições é intenso. Após o Mundial de Abu Dhabi, Diego nem bem pisou em verde-e-amarelo e já estava focado para o Brasileiro da CBJJ, em Barueri-SP. O evento é um dos mais cobiçados e o atleta também voltou com o vice-campeonato. “Estou batendo na trave, mas uma hora, eu subo no lugar mais alto do pódio”, acredita.
Para participar das duas competições, Diego Almeida contou com o programa Compete Brasília, que custeou as passagens dos atletas para Abu Dhabi, e, para o Brasileiro, em Barueri, a Secretaria de Esportes em parceria com a Federação de Jiu-Jitsu de Brasília, cedeu um ônibus que levou a delegação de Brasília.
Sonho
Assim como o atleta da periferia encontrou no Jiu Jitsu o caminho para viver longe das drogas, Diego também sonha em ver outros jovens se destacando por meio do esporte. Ele conta que vê muitos jovens se entregando ao crime e agradece por não ter se deixado levar para o mau caminho. “Embora viva longe das drogas, estou muito próximo a ponto de ver jovens se acabando. Resolvi ser diferente e, graças a Deus, nunca me deixei cair nesse mundo de ilusões. Sou um jovem sonhador que, com o meu Jiu-Jitsu e com o meu sorriso, quero dominar o mundo”, comenta.
Próximas competições
Diego está de olho em importantes competições do Jiu-Jitsu que estão por vir, como o Paris Open; oRio Open; e o Pan-americano sem Kimono. Para fazer bonito, o atleta necessita de patrocínio. “Representamos o Brasil lá fora e em várias grandes competições internas. Poderíamos contar com mais apoio, principalmente de empresas privadas”, diz o atleta.
Atualmente, “a correria”, como diz ele, é grande, mas conta com o apoio de sua academia, a Cei Jiu-Jitsu; da Cross Fit Gladius; da nutricionista Sabrina Cavalcanti; do Soberano Fight-Wear; Studio Mac personal/ Tiana Kadin; House Creperia; Point do Pastel; KVra Kimonos Figh Wear; personal Diogo Sousa; Academia Corpo 4; e da Secretaria de Esporte.