Febrasa: novela sem fim

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Passados 15 dias do afastamento do presidente da entidade, tudo permanece como antes

Nada mudou após 15 dias da assembleia extraordinária que definiu o afastamento temporário do presidente da Federação Brasiliense de Futebol de Salão (Febrasa), Arati Tadeu Domingues Antunes, para que o mesmo preste contas do período de sua gestão, iniciada em dezembro de 2014 até a presente data.

Na mesma data (8 de setembro de 2015), por unanimidade, os associados que tinham direito a voto nomearam Jonas Figueredo de Lima interventor da Febrasa para o período de afastamento do então presidente, com direito a realizar as movimentações financeiras, que convocaria também uma assembleia para analisar as finanças da entidade, no período de dezembro de 2014 a setembro de 2015.

Passados os 15 dias, Arati Tadeu Domingues Antunes continua respondendo pela federação, inclusive, frente à Copa Sesc/Rede Globo. Os organizadores não reconheceram o afastamento do mesmo, somente se houver um ofício da CBFS acatando a decisão dos associados da Febrasa.

Contudo, segundo o presidente da CBFS, Marcos Madeira, em entrevista ao jornal ViverSports, em 17 de setembro, a entidade já havia sido comunicada da decisão, mas não iria se manifestar. “A ata chegou, estamos cientes, mas a posição da CBFS é não interferir em assuntos internos. Temos a recomendação do departamento jurídico para que não tomemos nenhuma posição a respeito. A CBFS não está com o lado A ou B. Ela estará isenta nesse episódio, pois, na minha visão, esse é um problema interno e deve ser resolvido internamente”.

Documentos comprovam improbidade

As suspeitas de irregularidades começaram em 2013, que culminou no afastamento do então presidente da entidade, Weber Magalhães, conforme matéria publicada no jornal ViverSports, em 3 de setembro.

A novela ganhou outros capítulos e tornou a situação mais insustentável ainda quando a Febrasa realizou serviço de arbitragem na Copa Abarka, no segundo semestre de 2014, recebeu pelos serviços prestados e não repassou os valores devidos aos árbitros que trabalharam na competição.

Arati Antunes tentou justificar a falta de pagamento com histórias contraditórias que foram checadas pela reportagem. O jornal ViverSports teve acesso a vários documentos que, no mínimo, deixam dúvidas quanto à conduta dos dois últimos gestores, como um cheque sacado na boca do caixa do Banco de Brasília e que o valor foi depositado em uma conta de terceiro. O documento tem a assinatura de Weber Magalhães e de Arati Tadeu Domingues.

No verso do cheque, o número da conta a qual o dinheiro foi depositado remete à correntista Maria Luiza Barros Santos Antunes de Oliveira, esposa de Arati Tadeu. O valor corresponde a quase totalidade da parcela creditada pelo Governo do Distrito Federal, referente a uma cota dos serviços prestados à Copa Abarka, em Sobradinho, que entrou na conta da Febrasa em 24 de novembro de 2014, R$ 31.477,60.

O cheque em questão foi sacado em 26 de novembro, no valor de R$ 31.477,00, e depositado diretamente na conta de Maria Luiza Barros Santos Antunes de Oliveira. Conforme documento abaixo:

Cheque descontado na boca do caixa e depositado na conta de Maria Luiza Barros Santos Antunes de Oliveira
Cheque descontado na boca do caixa e depositado na conta de Maria Luiza Barros Santos Antunes de Oliveira

 

Extrato da conta da Febrasa confirma o crédito na conta e o saque
Extrato da conta da Febrasa confirma o crédito na conta e o saque

Em 22 de dezembro de 2014, mais uma parcela foi creditada na conta da Febrasa, no valor de R$ 15.601,60. Em 13 de janeiro de 2015, outro cheque, esse, no valor de R$ 14 mil, foi sacado na boca do caixa, conforme documento abaixo:

Extrato da conta da Febrasa em que mostra o saque após o crédito da 2ª parcela do pagamento da Copa Abarka
Extrato da conta da Febrasa em que mostra o saque após o crédito da 2ª parcela do pagamento da Copa Abarka

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Novos serviços e falta de pagamento

No primeiro semestre de 2015, a Federação Brasiliense de Futsal também ficou responsável pelo serviço de arbitragem dos jogos da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU). Os árbitros, até o momento, não receberam pelo serviço prestado. Porém, o valor foi depositado na conta corrente da Febrasa em 19 de junho deste ano e sacado em sua totalidade no dia 22 de junho, conforme documento abaixo:

doc5_extrato

 

Pouco antes da assembleia extraordinária que o afastou, mais um ato suspeito. Arati Tadeu Antunes, então presidente da Febrasa, emitiu um cheque, que foi sacado na boca do caixa, em 3 de setembro, no valor de R$ 1.400,00. O mais estranho é que o documento continha a assinatura de um superintendente, Edy Galvão Santos, afastado pelo próprio presidente, Arati Tadeu, em 20 de julho de 2015, conforme ato do presidente. Após o afastamento, o mesmo não poderia assinar nenhum documento pela entidade.

Outra irregularidade é que o cheque sacado foi mais uma vez depositado na conta de Maria Luiza Barros Santos Antunes de Oliveira, esposa de Arati Tadeu Domingues Antunes de Oliveira.

Cheque assinado por Arati Tadeu e Edy Galvão, quase dois meses após sua dispensa da diretoria da Febrasa
Cheque assinado por Arati Tadeu e Edy Galvão, quase dois meses após sua dispensa da diretoria da Febrasa

 

Atodopresidente_Exoneração Ed. Galvão Superitendente Operacional e Financeiro Febrasa (1)

Intervenção

Até o momento, não é possível desvendar os mistérios que impedem os associados de agirem em prol da Federação Brasiliense de Futebol de Salão. O que se sabe é que Arati Antunes, Weber Magalhães e Adão Nunes de Carvalho continuam se reunindo com alguns associados e interferindo, de alguma forma, nas ações do interventor Jonas Figueredo.

Fato estranho também ocorreu na quarta-feira (23). Embora o presidente da CBFS, Marcos Madeira, tenha afirmado que a CBFS recebeu a ata da reunião extraordinária, realizada no dia 8 de setembro de 2015, em que culminou no afastamento do presidente Arati Tadeu, e que a entidade não “iria se manifestar, pois é um problema interno e deve ser resolvido internamente”, Arati Tadeu Domingues esteve em Fortaleza, para participar da assembleia geral extraordinária, convocada pelo presidente da CBFS, que tratou da exoneração da vice-presidente de competições da entidade, Louise Anne Bedé, que foi destituída. Bené havia sido afastada temporariamente em junho, para apuração de denúncias de corrupção no futsal brasileiro. Dos 20 membros que estiveram presentes na AGE, em Fortaleza, apenas quatro votaram a favor da permanência de Louise.

O “representante” de Brasília, Arati Tadeu, mesmo afastado esteve em Fortaleza, quando quem deveria estar representando Brasília era o interventor Jonas Figueredo de Lima. Mesmo marcando presença, ele não teve direito a voto, porque a Febrasa está irregular com a prestação de contas e não consegue emitir algumas certidões negativas por conta de débitos com tributos federais, INSS e outros encargos sociais.

Os representantes das federações brasileiras que estiveram na AGE da CBFS: entre eles, Weber Magalhães e Arati Tadeu
Os representantes das federações brasileiras que estiveram na AGE da CBFS: entre eles, Weber Magalhães e Arati Tadeu

 

Prestação de contas

Alguns associados preferem acreditar que Arati Tadeu Domingues irá prestar contas. Ele tem até o dia 23 de outubro para tal, e, caso elas não sejam aprovadas, ele será afastado em definitivo. Outros questionam a veracidade das denúncias e preferem aguardar as cenas dos próximos capítulos sem se manifestar. Para os árbitros, fica a esperança de que tudo seja passado a limpo e que eles consigam receber o que têm direito.

Até o momento, a Febrasa segue devendo ex-funcionários, que já entraram na Justiça para cobrar seus direitos. Inclusive, em uma das audiências trabalhistas, acabou sendo adiada para 27 de novembro porque a testemunha arrolada pela Febrasa não compareceu e os documentos que comprovam que Arati Tadeu é realmente representante da federação não estava no processo e, da mesma forma, não havia documento comprovando a legitimidade do advogado junto ao processo.

A entidade também deve a contador, arbitragem e outros serviços, além de acumular dívidas com impostos.

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