Show de cidadania

Escolinha de futsal Contato, em Ceilândia, promove integração entre educação e esporte
Idealizada por Elivaldo Pereira da Silva, em setembro de 2008, a Escolinha de Futsal Contato, em Ceilândia, atende 108 jovens, entre sete e 14 anos. Tudo começou com a tentativa de Elivaldo em matricular o filho, Mateus Henrique, na época com 15 anos, em uma escolinha de futsal. Ele veio de João Pessoa e tinha a preocupação de evitar que o jovem ficasse à mercê da violência nas ruas.
Elivaldo tentou uma escola, localizada no Guará, mas o filho não foi aceito devido ao fato de morar em Ceilândia. “O responsável de lá achou que a distância seria uma barreira determinante, já que minha família morava em Ceilândia. Eles nem se deram ao trabalho de observar o garoto em campo”, conta Elivaldo.
A negativa não foi empecilho para Elivaldo, que procurou outra escolinha, também no Guará. Lá, conseguiu matricular o filho. “No início, a escolinha era paga, mas ele foi aprovado e conseguiu uma bolsa. Mais tarde, tornou-se capitão do time e veio a competir com a escolinha que o havia negado a chance”, relata.
Apoio
A partir de então, vieram a ideia e a oportunidade de fundar a Escolinha de Futsal Contato, um projeto de integração entre a escola e o esporte. Segundo Elivaldo, um time de campeões dá o apoio necessário para manter o projeto. Entre os craques estão a Contato Eletrônica, como patrocinadora oficial, os familiares e os envolvidos no projeto. “Os pais também marcam presença nos treinos e campeonatos, contribuindo sempre. E tem os professores e organizadores, que mantêm o sucesso do projeto”.
Os treinos são realizados de segunda à quinta-feira, das 19h às 22h, na Creche Antonio Frederico Ozanam, em Ceilândia Norte. A creche apoia o projeto desde o início e cede a estrutura do ginásio para os pequenos jogadores.
A escolinha participa dos principais campeonatos e torneios realizados no DF, como a Copa JK, Copa Candanga, Torneio Arimatéia, dentre outros. Hoje, coleciona títulos conquistados em várias categorias.
De acordo com o fundador, Elivaldo Pereira, o principal objetivo do projeto é contribuir com a sociedade, formando cidadãos de bem. Apesar de não receber apoio governamental, Elivaldo acredita que o envolvimento dessas crianças em atividades esportivas organizadas pode provocar uma resposta positiva à população, diminuindo, ao máximo, as chances de que os garotos sejam vítimas das drogas e da violência.

Derrotas e vitórias em quase quatro anos de história do projeto
Duas histórias opostas marcam a existência do projeto. Elivaldo conta que a escolinha recebeu a família de um menino que enfrentava uma grande dificuldade nos estudos. O garoto passava de escola em escola e não parava em nenhuma, por conta de seu comportamento negativo e notas extremamente baixas. “Ao se envolver nas atividades da escolinha, melhorou o seu rendimento escolar e, hoje, com 17 anos, concluiu o ensino médio”, conta orgulhoso o fundador.
Em outro caso, uma família não deu o devido apoio ao filho para que ele permanecesse na escolinha. A mãe proibia o rapaz de participar dos campeonatos, pois, às vezes, os deslocamentos eram para longas distâncias. “Após algum tempo, recebi a triste notícia de que o rapaz havia sido assassinado, pois se envolveu com a marginalidade”, relata com tristeza Elivaldo.
Sucesso
Para os organizadores do projeto, o maior sonho é que todas as crianças sejam bem-sucedidas. Seguindo a carreira de jogador ou não, a expectativa é que eles possam reencontrar os alunos, futuramente, e ver que se tornaram bons cidadãos.
Elivaldo deixa um conselho à classe empresarial do DF: “Gostaria de ver os empresários investindo mais em projetos parecidos, construindo um mundo melhor”.