Árbitros estão receosos de que o presidente crie uma nova federação e dê calote nas contas anteriores que eles têm a receber
Indícios de apropriação indébita, arbitrariedade, calúnia, difamação e improbidade. Esses são alguns dos vários questionamentos que associados e prestadores de serviços (árbitros) fazem relacionados à Federação Brasiliense de Futebol de Salão (Febrasa).
A crise vem de alguns anos e ganha novos capítulos a cada ato ou ação do atual presidente, Arati Tadeu, empossado em novembro de 2014, após eleições.
No segundo semestre de 2014, alguns profissionais teriam trabalhado na Copa Abarka, mas até o momento, não receberam o correspondente aos serviços prestados, pois, de acordo com alguns, em reunião realizada em 23 de julho, no Minas Brasília Tênis Clube, entre Arati Tadeu e os árbitros, os mesmos ouviram do presidente que só pagaria quando tivesse dinheiro em caixa.
Em momento mais exaltado, durante a reunião, de acordo com relatos de alguns árbitros, o presidente chegou a afirmar que criaria uma nova federação e que fecharia a Febrasa, o que muitos consideram uma forma de calote. Arati chegou a afirmar que ganharia o apoio do ex-presidente da federação, Weber Magalhães, que é vice-presidente da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) e também contaria com o apoio de um político.
Discursos contraditórios
Questionado sobre o atraso no pagamento dos árbitros, o presidente da Febrasa, Arati Tadeu, deu várias explicações, entre elas: afirmou que não reconhece o serviço prestado porque as súmulas não são oficiais e, sim, cópias; os jogos, em sua maioria, trouxeram dois árbitros trabalhando praticamente em quase todos (Átila Morais e Zico); e que por falta das súmulas verdadeiras, bloqueou o pagamento para averiguação, junto à Administração de Sobradinho, dos documentos apresentados para o recebimento da emenda. “Suspendi o pagamento da Copa Abarka e estamos fazendo uma auditoria no processo da competição. Portanto, os árbitros que não receberam até hoje, é porque abri um processo de auditoria junto à Administração de Sobradinho e o atual administrador tem conhecimento”, informa o presidente.
Em contato com a Administração de Sobradinho, a assessoria de imprensa informou que não há nenhum processo de “investigação ou averiguação por parte daquela RA”. Ainda de acordo com a Secom de Sobradinho, “o repasse foi feito e o serviço encerrado. A Administração Regional não tem esse poder de averiguar. Portanto, não há nada em andamento sobre a Copa Abarka”.
Com relação às súmulas, o organizador do evento afirmou que foi procurado pelo presidente da Febrasa, que solicitou os documentos originais, mas que ele já havia entregue quase todas. “Passamos os documentos originais, apenas três não foram encontrados, mas não nos preocupamos, porque a competição já havia acabado e o serviço foi pago, não vimos problema. Não consigo guardar tanto papel”, conta Fábio Martins, organizador da competição.
Outro fato questionado por Arati Tadeu é que havia súmulas que traziam o nome do organizador da competição como tendo apitado alguns jogos. Ele considera isso improvável. Porém, Fábio Martins conta que, na época, “houve uma espécie de greve dos árbitros, e que muitos se recusaram a apitar na competição. Assim como outros chegavam atrasados aos jogos. Para não haver atrasos, ele trabalhou como árbitro, sim”, revela Fábio.
De homem de confiança a inimigo
O próprio presidente revela que trocou o diretor de arbitragem durante a realização da Copa Abarka. Segundo ele, tirou o Jonas Figueredo, por questões éticas, já que o mesmo possuía uma empresa de arbitragem, e trouxe Átila Morais. “Fiz uma pesquisa e encontrei uma pessoa com carisma, simpatia, boa fala, educado, competente, responsável, amigo: Atila Morais”, conta Arati.
Ele conta que com a posse do Átila Morais, encontrou uma situação muito difícil, inclusive, liderado por um grupo de árbitros vinculados à JFL, de propriedade do Jonas Figueredo. “Eles resolveram fazer um motim dentro da Febrasa, e afirmaram que os campeonatos que estavam em andamento, eles não apitariam mais. Aí eu tive que, através do Átila, com jogo de cintura, saber quem estava imparcial. E Átila então administrou as escalas dessa arbitragem”, conta.
Essa foi a justificativa que Átila Morais deu para o quadro de arbitragem reduzido na realização da Copa Abarka, e que também foi confirmado por Fábio Martins, organizador do evento.
Versões desencontradas
O presidente da Febrasa, Arati Tadeu, conta que os problemas com o diretor de arbitragem, Átila Morais, não pararam por aí. Segundo ele, o mesmo usou da prerrogativa do cargo para tentar tirar a empresa Lipocc que prestava os serviços de arbitragem para o Torneio Arimatéia, evento realizado todos os anos, em Taguatinga.
“Viajei e tive de voltar às pressas, no dia 2 de janeiro, porque fiquei sabendo que Átila havia causado um clima ruim ao tentar pegar o serviço de arbitragem e desqualificar o trabalho do pessoal da Lipocc. Por conta disso, o Arimatéia proibiu o nome da federação em sua arena. Voltei para contornar o problema”, diz Arati.
Contudo, o organizador do Torneio Arimatéia, José de Arimatéia, revela que essa história não tem cabimento, porque o Átila não teria feito nada disso e, sim, Edi Galvão, superintendente da Febrasa, que lhe foi apresentado como braço direito do presidente Arati Tadeu. “Nunca tivemos problemas com o Átila. Além de um excelente árbitro, é uma pessoa maravilhosa. Ele só não trabalhou conosco porque a decisão era do Cleber Araújo, que coordenava o grupo de arbitragem”, conta Arimatéia.
De acordo com Cleber Araújo, coordenador da arbitragem da Lipocc, a história não ocorreu bem assim. “Alguém fez um comentário maldoso sobre a arbitragem, mas não foi o Átila. Na verdade, O Átila já havia trabalhado com a gente em outras ocasiões e, inclusive, foi no Torneio Arimatéia que ele se projetou. Nunca nos trouxe problema. Na edição passada (2014/2015), o grupo fez uma reunião e decidiu que iríamos concentrar o trabalho para o grupo da região, pois eram os quem sempre estavam em quadra ou em campo, até mesmo em situações de pouca remuneração. E não houve, em momento algum, essa história de o Átila tentar usar o cargo para se beneficiar no torneio”, conta Cleber.
Calote
Vários árbitros procuraram a reportagem, mas não quiseram revelar a identidade por medo de represália. No momento, eles cobram uma prestação de contas da atual gestão, já que em cada reunião, as justificativas para o não pagamento ganham novos rumos. “Uma hora ele diz que não recebeu o dinheiro. Depois afirma que só pagará quando entrar outros recursos, porque os da Copa Abarka foram usados para pagar dívidas de impostos deixados pela gestão anterior. Em outro momento, ele diz que o valor foi retido para pagar INSS”, conta um profissional.
Para ele, os profissionais não estão seguros se vão receber o valor devido pela Federação, principalmente se o atual presidente realmente fechar a Febrasa com a desculpa de que vai abrir outra federação.
CBDU
Este ano, os árbitros afirmam que trabalharam em jogos da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU). Segundo eles, o repasse foi feito à Febrasa e até o momento ninguém recebeu.
Eles contam também que antigos funcionários da Febrasa já foram demitidos e não tiveram seus direitos trabalhistas pagos pela federação. Os mesmos entraram na Justiça do Trabalho e aguardam as audiências.
Atualmente, a Federação Brasiliense de Futsal não possui diretoria constituída. O primeiro vice-presidente, Jhonatan Andrade, renunciou ao cargo, no início do mês. Procurado pela reportagem, ele não quer se manifestar sobre o assunto.
Citado pelo presidente da reportagem, Jonas Figueredo foi procurado, mas, como está passando por um processo de recuperação de uma cirurgia, não quis se manifestar até o momento.
Átila Morais, ex-diretor de arbitragem, não consegue entender porque a amizade e a confiança ficaram manchadas dessa forma e questiona até mesmo o motivo pelo qual o presidente da Febrasa tirou seu escudo junto à Confederação Brasiliense de Futsal (CBFS).
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