Embora Samambaia esteja se destacando como uma das regiões administrativas de grande potencial econômico, e boa concentração de investimentos da classe média, a miséria e a criminalidade ainda são pontos preocupantes. Driblar essa realidade não é fácil, mas alguns projetos sociais vêm ganhando expressão e mostrando que o esporte é e sempre será uma boa alternativa como ferramenta de transformação.
Com trabalho voltado para o social, a Escolinha de Futebol Massa Real atende 560 atletas, divididos nas categorias Pré-Mirim, Mirim, Infantil e Juvenil. Criada em 1999, por Luís Roberto Freitas da Silva, o Bicudo, o projeto vem crescendo a cada dia e ganha o respeito e consideração da comunidade.
O projeto não tem foco apenas na formação de atletas do futebol, mas também em cidadãos. E todo o trabalho é feito em conjunto com a Palavra de Deus. “Não começamos os treinos, sem antes falar em Deus”, afirma Bicudo, que conta com seis monitores/professores que trabalham voluntariamente: João Marcos; Bruno dos Santos; Edjael Bezerra, o Jajá; Paulo Quental; Caio Rodrigues; e João Pedro.
“Somos uma escola de futebol de cunho social. Temos o treino específico e, além do campo, atendemos as famílias. Temos muitos casos de resgate social com essa atenção que damos às famílias”, conta Jajá.
João Marcos, João Pedro e Caio Rodrigues são os mais novos entre os monitores e também fizeram parte do projeto como jogadores. Eles contam que desde que os professores começaram a orientá-los também com relação à religião, as coisas mudaram e muito.
“Mesmo com toda a dificuldade a gente vinha pra cá. Muita gente fazia coisas erradas e quando o professor Paulo começou com as orações, a gente mudou muito. Não falo mais palavrão e tenho uma relação muito forte com Deus”, revela João Marcos, que está no projeto desde 2000 e agora ajuda com a garotada.
O monitor Caio, que começou a frequentar a escolinha em 2006, agradece a oportunidade que teve. “Aqui, a gente conhece muita gente boa. O Bicudo foi quem me deu esse norte no futebol. Sempre gostei de jogar bola, mas não pensei que chegaria onde cheguei”, revela o jovem. E completa: “Não sou muito religioso, mas agora que vim pra cá, o Bicudo me ensinou que tenho de colocar Deus à frente de tudo”.
Evolução
Bruno dos Santos, um dos professores coordenadores, é filho de Bicudo. O rapaz é formado em Educação Física e também trabalha com a criançada. “O mais bacana é a evolução como pessoa. Aprendi muito também com o Morais, do Guaraense, que tem um trabalho maravilhoso.
Segundo Bruno, o clima no Massa Real é um dos melhores. “Aqui, a gente acaba tendo uma amizade. É muito prazeroso estarmos todos juntos. E viajar com eles, então, é impagável”, conta Bruno.
Invisíveis aos olhos de quem poderia ajudar
Bicudo tem muito orgulho do trabalho que realiza. É uma prestação de serviço social de grande importância para a comunidade. Mesmo assim, não recebe ajuda da comunidade empresarial ou do governo.
Essa dura realidade não o faz desistir, até mesmo porque tem um time de primeira, que são seus professores voluntários. “Nunca tive apoio de ninguém. Aqui, a gente faz um trabalho voluntário e conto muito com os professores, mas não recebemos ajuda ou alguma atenção empresarial, muito menos do governo. E de politicagem estou correndo. Precisamos de políticas e não de políticos aproveitadores”.
O homem que usa o futebol para pregar a palavra de Deus e formar cidadãos do bem sabe que o assédio de candidatos será grande daqui a pouco. “Começando as eleições, muitos virão com falsas promessas. É sempre assim. Mas depois, nada fazem”, afirma Bicudo. Segundo ele, o grupo já está vacinado.
Fora do eixo político, há os parceiros que têm os mesmos propósitos. Eles dão as mãos e seguem em frente. Como o Márcio Santos, que também tem um projeto social em Samambaia. “O Márcio Santos é um cara que faz um trabalho maravilhoso. Ele viajou conosco para Itaporanga e foi muito bom”, revela Bicudo. (A história da Escolinha Márcio Santos será contada em breve).
COMO AJUDAR
Quem quiser ajudar o projeto, pode entrar em contato com os professores. Eles precisam de material esportivo, lanche, água, material de apoio para os treinos e também de dinheiro em espécie, pois são muitas as demandas da Escolinha Massa Real.
Contatos:
– Edjael Bezerra: 9989-2309
(jajaarqueiro@gmail.com);
– Paulo Quental: 8496-9424
– Bruno Santos: 8628-0327; e
– Bicudo: 8622-7444.
Viagem rende reconhecimento do trabalho
Em julho, cem alunos viajaram para participar da 1ª Copa Itaporanga-GO. Para a garotada, além da competição, a viagem é uma espécie de colônia de férias. O “passeio” é custeado pelos pais dos atletas e também contou com o apoio do diretor-geral do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Marco Antonio Campanella, e do Pablo, do Partido Pátria Livre (PPL).
“Há bolsistas no projeto que não têm condições financeiras para viajar. Mas a gente faz de tudo para leva-los. Separamos por comportamento e comprometimento”, conta Jajá.
Segundo o professor, é uma grande festa e todos ficam muito contentes por poder proporcionar essa oportunidade aos meninos. “Lá, eles brincam e se divertem bastante. Falo com toda a certeza que, para a grande maioria, se não fosse a escolinha, não poderia viajar”, acredita Jajá.
O monitor conta que já houve situações em que o aluno estava com nota baixa, mas, se ficasse em Samambaia durante as férias, não teria chance de estudar para recuperar as notas. “Já levamos aluno que precisava de um apoio mais de perto, caso contrário, não iria sair do risco de reprovação. Foi conosco para Caldas Novas-GO, curtiu bastante, mas estudou muito e chegou aqui e recuperou a nota”, conta Jajá.
A competição
Em Itaporanga, quatro equipes participaram da competição. A Mirim e a Infantil saíram na fase classificatória. Juvenil foi eliminada, nos pênaltis, pelo CFZ Brasília. Já a Pré-Mirim perdeu para o Vila Nova. Ambas nas oitavas.
Mesmo assim, alguns atletas se destacaram e alguns observadores técnicos que estiveram na competição já acenaram interessados nos atletas. Foram destaques na Pré-Mirim, Adriano (atacante), Guilherme (goleiro), Erick (zagueiro) e Guigui (meia). Na Juvenil, Tupã (meia-atacante), Raí (cabeça de área); e Caio (goleiro).
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