Das operações especiais ao sucesso nos ringues

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Paulo Thiago Alencar, brasiliense, é solteiro e tem dois filhos (gêmeos): Paulo e Tiago. Os pais foram os maiores incentivadores de práticas esportivas. Desde os cinco anos faz lutas, entre elas jiu-jitsu brasileiro, muay thai, box e judô. Hoje, ele é faixa preta em jiu-jitsu e um dos destaques brasileiros no Ultimate Fighting Championship (UFC). O lutador se formou pelo Curso de Formação de Soldados na Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), em 2003, e, no ano seguinte, passou no Curso de Operações Especiais da PMDF (Bope), onde está até hoje. Na entrevista concedida à repórter Raquel Gonçalves, ele fala de sua trajetória na vida até chegar ao UFC, com o reconhecimento e respeito que adquiriu.

 

Como começou sua paixão pelas lutas?

Comecei a treinar artes marciais aos cinco anos de idade. Na infância, fiz outras modalidades de luta, como karatê; na adolescência, de 13 para 14 anos, comecei a treinar jiu-jitsu. Aos 17, comecei com o box e o taekwondo. E sempre competindo nas modalidades, até que, em 2005, fiz a primeira luta de MMA (uma mistura de artes marciais). Misturei tudo que sabia para competir. Deu certo, gostei e é também o que tenho buscado fazer bem até hoje, além do trabalho na polícia, é claro.

 

O jiu-jitsu é uma arte marcial japonesa. Sua tradução diz que jiu significa suavidade, brandura. E jitsu, arte e técnica. Seria então a mistura da técnica com a suavidade. Você concorda com essa tradução?

Concordo totalmente com essa definição – arte suave – é uma luta em que se aprende a usar “alavancas” e outros movimentos. Aprende-se a usar a força do seu oponente contra ele mesmo. Então, não é uma troca de força, é uma troca de técnica. Quanto mais técnica se tem, menos se usa força. O jiu-jitsu não usa golpes contundentes, como soco ou chute.

 

Você apoia a prática de lutas para crianças?

Totalmente. Além da parte física, pois é um esporte saudável, há também a questão da disciplina, da educação. Isso é muito trabalhado nas artes marciais. Meus filhos fazem luta e creio que o judô é a mais indicada para crianças por causa da disciplina. Não traz nenhum tipo de prejuízo ao crescimento e incentiva o respeito mútuo.

 

A quem ou a que você atribui sua garra?

À educação que eu tive desde criança. À estrutura que tive em família, mas também às artes marciais que pratiquei. Sinto que fui preparado, moldado para isso, para ter um espírito competitivo e correr sempre atrás da vitória. Meu pai nunca lutou, mas acreditou em mim. Incentivava, me levava aos treinos e competições e ficava torcendo.

 

Pretende seguir carreira na Polícia Militar, mesmo com essa explosão como lutador de MMA?

Pretendo. Não tenho a menor vontade de sair da Polícia Militar, gosto muito do trabalho policial, identifico-me com o serviço e tenho orgulho de servir no Bope. Ainda mais depois de entrar para a irmandade dos Operações Especiais. Sou muito feliz em fazer parte dessa corporação. Além disso, essa carreira de lutador não é para sempre.

 

Você tem 17 lutas no cartel do UFC, sendo 14 vitoriosas. Fale da mais desafiadora.

A primeira luta no UFC foi um marco pra mim, pois eu vinha de dez vitórias no Brasil, mas ainda não era conhecido internacionalmente. De repente, fui contratado pelo UFC e minha primeira luta foi logo com o terceiro melhor do mundo. Colocaram-me na “ratoeira”, mas venci por nocaute no primeiro round. Então, de desconhecido passei à 10ª posição no ranking. Essa luta foi muito importante. Alavancou a minha carreira. E, sem dúvida, também essa última no UFC Rio vai ficar pra minha história.

 

Quando ingressou na PMDF imaginava que sua carreira esportiva fosse tomar a proporção atual?

Eu sonhava! Mais ou menos como sonha uma criança, que almeja, quando adulto, querer estar naquele lugar. O que me trouxe para a Polícia, em princípio, foi a estabilidade financeira. Tinha que me manter e também me identificava com o serviço policial. Prefiro a adrenalina da rua ao serviço burocrático e encontrei na polícia um apoio para o meu sonho.

 

O que significa pra você dar visibilidade ao nome do Batalhão de Operações Especiais?

Gratidão, satisfação, reconhecimento. Sou muito grato por todo apoio que o Bope sempre deu à minha carreira, mas também tenho vontade que as pessoas vejam que a polícia não é exatamente aquilo que divulgam. As boas ações quase sempre não são noticiadas. Então, é a forma que eu encontrei de tentar mudar isso. As crianças e adolescentes me veem como herói e associam a figura do policial militar a um herói também, que se empenha para prestar um bom serviço. Consideram um exemplo a ser seguido. Sou muito agradecido pelo que a polícia fez e faz por mim.

 

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