Cada vez mais, ganha força o conceito de que somos o que comemos. Mas agora podemos acrescentar: o que os olhos não vêem o intestino pode sentir.
Com o avanço das pesquisas e novas técnicas de produção de alimentos, o que era bom pode passar a não ser. E o que era visto como um fator de risco ao consumo humano, as pesquisas podem apontar para o caminho contrário. Este é o caso do ovo, até hoje um mito para a nutrição humana e alvo de críticas, na maioria das vezes, baseadas em estudos já ultrapassados e desatualizados.
O ovo tem nutrientes essenciais, como proteínas, vitaminas e minerais. Porém, é um dos principais alimentos que tem sido vinculado a toxinfecções causadas por sua ingestão cru, contaminados por algum tipo de microorganismo patogênico. Por isso, é necessário que ele passe por tratamento adequado antes de sua ingestão. A lavagem do mesmo antes da manipulação elimina os patógenos que se encontram na casca, como a Salmonella, e o cozimento se faz necessário para a eliminação de bactérias, que com certa frequência, contaminam internamente o ovo.
Algumas dicas são sempre válidas e aliadas no combate a qualquer forma de contaminação: manter os alimentos que contenham ovos sempre refrigerados; manter as mãos sempre limpas para manipular os alimentos; separar os utensílios utilizados para alimentos crus daqueles utilizados para alimentos cozidos; guardar os ovos de preferência na geladeira e cobertos (fora da geladeira devem ser utilizados dentro de uma semana); rachados devem ser usados imediatamente, e se você já os comprou assim, descarte-os.
É fácil imaginar o nível de contaminação microbiana na casca do ovo se lembrarmos o trajeto que o mesmo percorre desde sua origem até o momento em que é botado pela ave. O intestino da ave, por apresentar uma grande variedade e quantidade de microrganismos, torna-se o local propício para que haja impregnação de uma diversidade de patógenos que serão transferidos para o intestino humano e que, em seguida, levará o mesmo aos leitos de hospitais.
O ovo não pode ser visto como o vilão dos problemas intestinais da humanidade e sim quem os manipula. Uma vez manuseado de maneira inadequada, ou seja, sem a devida higienização de quem o faz e do alimento a ser preparado, transformará o prato em um veículo perigoso e, às vezes, letal a quem o consumir.
Falta de educação sanitária, excesso de preconceitos, despreparo de manipuladores, água de procedência desconhecida e utilizada na limpeza de utensílios e alimentos somados à falta de conhecimentos sobre origem e causas de infecções podem transformar qualquer inocente em inimigo público, enchendo não só os leitos hospitalares como também os jornais com notícias superficiais e sem fundamentos.