Ajax recebe chuteiras para calçar atletas de comunidades mais carentes
O mês de julho ficará marcado para alguns jovens atletas que moram em comunidades mais carentes. Sábado (13), crianças que participam do projeto social Ajax Estrutural e Ajax Udev, na Fercal, foram contempladas com chuteiras novinhas, doadas por um gerente de uma grande rede de calçados.
O rapaz não quer se identificar, mas acredita que a história possa servir de exemplo a outros empresários. Sua ligação direta é com os professores e idealizadores do Ajax, os irmãos Alessandro (Seco) e Diego Maciel.
Na infância, o trio morava no Setor P Norte. O rapaz era quem organizava o time da cidade, mas, na maioria das vezes, não conseguia jogar, pois tinha de sair para vender sapatos, na Feira Permanente de Ceilândia. “Ele entrava em uma kombi e partia para o trabalho. Ficávamos tristes por ele não conseguir jogar, mas fazia parte de nossa realidade”, conta Seco.
Eles cresceram, venceram e não esqueceram suas raízes. Hoje, Os irmãos são responsáveis pelo Ajax, escolinha de futsal que atua em algumas regiões do DF também como projeto social. O rapaz que vendia sapatos na feira ocupa o cargo de gerente de uma grande rede nacional de calçados.
Nada melhor que construir um nome respeitoso, pois foi com isso que ele usou sua influência para fazer o bem e encontrou no representante da Umbro no DF um grande parceiro. Foram doados pelo fabricante 48 pares de chuteiras, que foram distribuídas para alunos da Estrutural e também da Fercal.
Realidade
Diego Maciel conta aos atletas a luta do amigo, na infância, e tenta mostrar a eles que se o jovem “metido” a técnico venceu, eles também têm capacidade. “Vocês precisam se apegar aos bons exemplos, assim como devem se dedicar ao máximo para realizar o sonho. Sabemos que é difícil, mas muitos superam as barreiras e vencem na vida”.
Seco também faz questão de exaltar a ação do amigo de infância que hoje está em uma situação bem mais confortável, mas que não perdeu suas origens. “Ele sempre gostou das coisas da periferia, mas usou tudo para o bem. Naquela época, teve oportunidade com o dono dessa rede, então está retribuindo e ajudando outros jovens de regiões carentes”, enaltece Seco.
Sorriso sincero como pagamento
Alessandro Maciel, o Seco, conta que muitas famílias dessas comunidades mais carentes enxergam no esporte a saída para manter os jovens longe de situações de vulnerabilidade social. Porém, as dificuldades, muitas vezes, acabam os afastando do sonho e os devolvendo às ruas, aos riscos.
Por isso é que os professores comemoram a ação do gerente e amigo de infância. “Não é fácil para os pais assistirem a seus filhos, com os pés no chão, jogando em uma quadra de cimento, ao sol do meio dia. Corta o coração deles e o nosso também”, relata Seco, que conta como foi chegar à Estrutural, no sábado seguinte, e vê-los com os pés calçados.
“Vê-los, no dia seguinte, chegar para treinar com as chuteiras novinhas, foi realmente muito emocionante. Já havíamos recebido chuteiras e tênis usados para repassar aos mais necessitados, mas nunca recebemos chuteiras zeradas para passar a eles. Fiquei muito emocionado e grato”, revela Seco.
Um dos alunos do projeto Ajax Estrutural vê a doação como um empurrão para que ele participe de campeonatos. “Para mim, representa muito receber essa chuteira. Quero participar de um campeonato e preciso da chuteira para jogar pelo meu time”, afirma Leonardo de Caprio, 11 anos, que está no projeto há três.
Opinião
Esta nobre ação que envolve um gerente de uma rede nacional de calçados e de um fabricante como a Umbro não pode ser isolada. Precisamos pegar carona e propormos ações que venham contemplar outros atletas das demais regiões administrativas.
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