Com vários títulos na bagagem, o lutador de Jiu-Jitsu Diego Oliveira, 25 anos, é um daqueles guerreiros que impressiona a todos com sua vontade inabalável de viver. O goiano, que teve a perna esquerda amputada em um acidente de moto, é um belo exemplo superação.
A vida de Diego Oliveira se divide em dois momentos. Antes e depois do acidente, quando ele tinha 19 anos. Tudo aconteceu quando ele pilotava sua moto, indo ao cursinho, e foi surpreendido por uma carreta, que invadiu a faixa contrária e o atingiu. “O acidente foi gravíssimo. Minha perna veio parar próximo à cabeça. Perdi muito sangue e fiquei 14 dias em coma. Ao acordar, meu pai contou como foi a decisão de amputar minha perna. O médico disse a ele: ‘A perna ou a vida do seu filho’. Só falei pra ele: pai, não se preocupe com isso, qualquer coisa, uso um pau para andar”, relata o atleta.
Isso são águas passadas. Depois dos dias ruins, Diego procurou dar a volta por cima e não podia ter escolhido ferramenta melhor: o esporte. Começou com natação, em seguida decidiu jogar basquete para cadeirantes e, há dois anos, foi convidado a conhecer a Academia Gracie Barra Goiânia. “Comecei a treinar e me adaptei ao chão. Foi paixão à primeira vista. No início, meu objetivo era só praticar o Jiu-Jitsu duas vezes na semana. Mas gostei tanto que já estava treinando todos os dias. Com um mês, comecei a competir”.
O primeiro campeonato foi a 5ª Copa Ceilândia de Jiu-Jitsu, em que conquistou o segundo lugar. Foram muitas competições e algumas marcaram a vida do lutador, como o campeonato de Jiu-Jitsu em Nova Veneza-GO, onde ganhou sua primeira medalha de ouro. “Por falta de energia, os confrontos foram adiados. Porém, voltei e ganhei a medalha de ouro. Por isso, sempre digo que ela foi a que me deu mais trabalho e que foi conquistada duas vezes”, conta Diego.
No Rock Strite, realizado no Ginásio Nilson Nelson, Diego também pode viver um dos momentos mais difíceis da carreira. “Vim para Brasília só. Na hora da luta, estava bem nervoso, perdi por não ter um apoio técnico. Fiquei muito desanimado e pensei em desistir. Via as medalhas e pensava: estão levando a minha medalha embora. Depois pensei melhor e refleti: vou voltar e tirar a medalha de um por um”, lembra.
E foi no momento de uma derrota que Diego deu a volta por cima e decidiu focar mais em seus treinos. “A vida do esporte não é só vitória, você tem que conviver com as derrotas também”, aprendeu o rapaz, que não mede esforços para continuar buscando suas conquistas.
Herói
Para o mestre da Gracie Barra Goiânia, Frederico Pimentel, Diego é um lutador completo. “Ele é o herói da GB Goiânia. É o mais dedicado que tem na academia. Redobrou os treinos e todo o campeonato que entra, ganha ou é vice-colocado”.
O treinador ainda destaca o potencial que ele tem em lutar com outros atletas que possui as duas pernas. “Recentemente, Diego lutou em São Paulo com um atleta sem necessidades especiais. O ginásio todo torceu por ele. Onde quer que vá, as pessoas se surpreendem. Igual a ele, no Brasil, não há”.