Há pouco mais de uma semana, foi deflagrada a Operação Mangona, da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que investiga o suposto desvio de recursos de emendas parlamentares. Em primeiro momento, apenas o deputado distrital Raad Massouh é alvo de denúncias. Mas podem apostar que muitos outros virão à tona.
Não estamos aqui para defender ninguém e nem mesmo acusar, mas uma coisa é certa: se essa investigação for conduzida de forma correta e a fundo, muitos comporão uma lista enorme de pessoas que se apropriam de parte desses recursos ou dão outro destino a emendas parlamentares.
Como estamos muito ligados a projetos sociais, associações e entidades sem fins lucrativos que funcionam em diversas regiões administrativas do DF, há muito tempo, ouvimos sobre expectativa de emendas parlamentares para a realização de eventos esportivos e culturais. Achamos a iniciativa uma boa oportunidade para essas instituições, que, há anos, vêm capengando, com seus responsáveis tirando dinheiro do próprio bolso, mendigando em suas comunidades ou de pires na mão implorando ao GDF que os enxerguem.
Com o passar do tempo, foi possível entender que a coisa não era tão simples assim. As emendas parlamentares dependem da liberação do administrador de uma região administrativa, e aqui começa a dificuldade do beneficiado. Há casos em que só conseguem retirar parte do que foi destinado a eles – e se não concordar, não tem a emenda liberada. É a lei de quem tem o poder de decisão. – Por isso é que afirmamos que se o MPDFT e a Polícia Civil quiserem, basta investigar a fundo, chamar todas as entidades que foram “beneficiadas” por emendas parlamentares nos últimos tempos, para saber que boa parte desses recursos ficam nas administrações. E para fazer o que? Sinceramente, muitas coisas, menos beneficiar a comunidade local.
Se há a participação dos parlamentares em reter parte dos recursos, sabemos que eles não agem sozinhos, têm a conivência de administradores e outros envolvidos. O que nos resta é aguardar mais capítulos de nossa triste e desgastante política. Mas uma coisa é fato: o que tem de comandante administrativo que está tentando disputar as próximas eleições e pode ter seus objetivos travados por essas práticas não é pouco. Que sejam todos investigados e os culpados sejam obrigados a devolver a quantia que se apropriou.