Responsabilidade, comprometimento e muita fé no trabalho realizado com jovens promessas do futebol. Esses são alguns elementos que mantêm uma equipe dedicada às categorias de base da Sociedade Esportiva de Santa Maria.
Criada em 2000, por Erivaldo Alves Pereira e Heraldo Cabral, atualmente, administrador e gerente de Esporte de Santa Maria, respectivamente. A Sociedade Esportiva Santa Maria atende aproximadamente 80 jovens talentos.
Os trabalhos são coordenados por José Joaquim Macedo dos Santos, um incansável cidadão do futebol que se juntou a um grupo muito especial – Adelmo de Souza (Pré-Mirim e Mirim); Cosme Santos (Infantil); Raimundo Martins (Infantil); Gilvan Rodrigues (Colaborador geral); Diego Barbosa dos Santos (massagista da categoria Juvenil e atleta da Juniores); Raphael Herson Machado da Silva (preparador de goleiros da categoria Juvenil); e Alcivandro Everton Machado da Silva, o Vandinho, (treinador da Juvenil).
A lida com a garotada completou 13 anos e até hoje as dificuldades são as mesmas. “Falta patrocínio. Passo a semana com o pires na mão tentando buscar apoio para pagar arbitragem e transporte”, explica Joaquim.
Segundo Joaquim, os amigos ajudam bastante. “Conto com o bom coração de meus amigos. Nunca consegui firmar um patrocínio com nenhuma empresa, por isso, a luta é diária. O bom é que neste ano, recebemos dez bolas da Federação Brasiliense de Futebol. Esta foi a primeira vez que a entidade nos ajudou”.
O colaborador Gilvan Rodrigues acredita que deveria haver uma parceria maior, mas é complicado. “Muitas vezes, procuramos comerciantes e eles nos respondem dizendo que não têm retorno. Não entendem que estariam prestando um grande apoio na formação de bons cidadãos”, acredita Gilvan.
“Se cada empresário adotasse um atleta, não teríamos tanta dificuldade. Temos um custo alto de uns R$ 10 mil por semestre para participar de campeonatos de expressão”, conta Joaquim.
Movitação
Embora as dificuldades sejam muitas, a turma que está à frente da Sociedade Esportiva Santa Maria não desanima. “Os garotos são o que mais nos motivam a continuar. Queremos focar sempre neles e, principalmente, na formação do cidadão”, revela Adelmo de Souza, da comissão técnica das categorias Pré-Mirim e Mirim.
Ele chama a atenção para a importância de haver políticas que venham contemplar as categorias de base. “Todos nós somos voluntários. Aqui, ninguém recebe pelo trabalho, mas gostaríamos de ser reconhecidos”.
Assim como Adelmo, outros integrantes da diretoria também lamentam a falta de apoio para o trabalho com a garotada. “A cultura do Brasil para com as categorias de base é muito atrasada”, chama a atenção Raimundo Martins, da Infantil.
Alcivandro Everton Machado, o Vandinho, responsável pela Juvenil, afirma que o trabalho é intenso e somente agora conseguiram subir um degrau. “Esse grupo está trabalhando há anos e somente agora a gente conseguiu sair do lugar. Formamos talentos, cidadãos, mas, infelizmente, não temos o devido apoio”.
Segundo Vandinho, a participação dos comerciantes é importante até para garantir o bem estar dos meninos. “Temos jovens que vão para o jogo sem ao menos ter o café da manhã para tomar. Muitas vezes, não sabemos como eles saíram de casa, se comeram ou não. Entram em campo e passam mal. A gente não tem uma fruta para oferecer a esses atletas”.
Craques
O trabalho começa a revelar craques, como Bruno Martins Morais, 16 anos, morador de Pedregal-GO. No projeto há cinco anos, o atacante já foi destasque em uma competição realizada em Vazante-MG, quando um observador técnico do Cruzeiro se interessou por ele. “Seria uma excelente oportunidade, mas não tive como ir”, lamenta o atleta.
Joaquim revela que esse foi um momento triste. “A família de Bruno até conseguiu arrumar para ele embarcar, só que eu não tive condições. Mas não desisto e continuo acreditando que algo muito bom acontecerá”.
Cosme Santos, técnico da categoria Infantil, destaca que outros atletas estão tendo uma grande oportunidade com o futebol. “Para se ter uma ideia, tem menino que jamais se viu jogando em um campo sintético [409 de Santa Maria] como esse aqui. Eles vêm no peito e na raça em busca do sonho”, conta Cosme.
Ele comenta que o trabalho é de formiguinha, mas muito gratificante, pois tira os jovens da rua e os ocupam com algo que é saudável. “Tem tanta coisa que prejudica a juventude. Se não houvesse pessoas que fizessem esses trabalhos sociais que dão incentivos aos jovens, eles não se sentiriam pessoas interessantes”.