Nova gestão e velhos questionamentos

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Associados querem prestação de contas das duas últimas gestões e independência da federação

O clima continua tenso na Federação Brasiliense de Futebol de Salão (Febrasa). Desde a publicação da reportagem sobre a crise na entidade, a cada dia, a situação ganha novos capítulos. Após a publicação da matéria, os associados convocaram assembleia geral extraordinária, marcada para terça-feira (8), às 14h, no Cresspom. Contudo, atos publicados pelo Tribunal de Justiça Desportivo (TJD-Febrasa) tumultuaram ainda mais a situação.

Em um deles, o TJD/Febrasa, em decisão monocrática, sexta-feira (4), suspende todas as equipes que assinaram o edital de convocação. Em outro, lançado domingo (6), exclui o clube AJJR, do presidente Alex Borges, da federação. Para os associados, as medidas são, “além de inconstitucionais (o TJD não pode arbitrar em situações administrativas, somente em assuntos relacionados a competições), mostram o despreparo e o desespero dos dois presidentes”.

E eles ainda fazem coro. Nem o TJD, muito menos o presidente da Febrasa “tem o poder de destituir um associado. Apenas uma assembleia”.

Para o presidente da AJJR, Alex Borges, desde que começou a desenrolar esse grande novelo de irregularidades na Febrasa, já sofreu muitas pressões, inclusive política, mas não vai desistir de mostrar a verdade. Ele conta que já vinha fazendo denúncias desde 2012, mas o esquema era fechado.

“Já havíamos apontado as irregularidades na gestão do Weber Magalhães, do processo eleitoral que elegeu Arati Tadeu e vou continuar mostrando os erros, porque na atual gestão, ele está retirando o dinheiro da federação e não está pagando nada e ninguém”, afirma Alex.

Mesmo contra a vontade do grupo eleito, segundo contam William Cleber e Alex Borges, eles continuaram averiguando as contas da entidade e descobriram várias irregularidades, “como pagamento de CREF de pessoa que nunca trabalhou na Febrasa, cupom fiscal sem validação, almoço pago em restaurantes caríssimos”, revela Alex.

A partir daí, como já estavam tendo dificuldades para mostrar as irregularidades perante os associados, então, Alex Borges decidiu entrar na Justiça. “Os processos estão em andamento, com três pareceres favoráveis à gente. Nosso advogado pediu antecipação do julgamento, mas infelizmente a Justiça está em greve e precisamos aguardar”.

“Administração temerária e monocrática”

Alex Borges conta que no decorrer disso tudo, “começou a administração temerária e monocrática” de Arati Tadeu. “Primeiro, não convocar as assembleias nos períodos certos, para ter as competições. Não respeitou o estatuto, não prestou contas. E começou a desviar os recursos da federação, por meio de emissão de cheque”, conta Alex.

Dispensa de funcionários sem o pagamento dos direitos trabalhistas também está entre as irregularidades apontadas pelo associado. “A partir do momento que ele começa a lesar terceiros, a situação fica pior. Todo ano a Febrasa faz alguns serviços de arbitragens. Em 2014, foi contratada para fazer mais uma edição da Copa Abarka para prestar o serviço de arbitragem. A Administração de Sobradinho pagou à Febrasa e o presidente não repassou aos árbitros”, reforça Alex.

“Acompanhamos toda a situação do pagamento da Copa Abarka. Descobrimos que foi liberado o pagamento da primeira parcela da Copa Abarka (R$ 31.477,70) no dia 24 de novembro de 2014 e, no dia 26 de novembro, houve um saque com cheque do BRB, assinado por Arati Tadeu e Weber Magalhães. Pior: o dinheiro foi depositado em conta de terceiro e temos prova de quem foi o beneficiado”.

A segunda parcela foi liberada em 22 de dezembro, no valor de R$ 15.601,60, como consta em extrato bancário. “No dia 13 de janeiro, ele sacou R$ 14 mil. Daí para cá, só irregularidades. No mês de junho, houve a final em Brasília da Liga Nacional dos Desportos Universitários. A Febrasa ficou com o futsal. Ele alega que não pagou a ninguém porque um valor foi bloqueado por conta de um débito do INSS. Realmente, foi bloqueado R$ 2.345 do INSS, em 10 de julho, muito depois que ele sacou o dinheiro. Descontou mais na frente. Entraram R$ 4.600 e no dia 22 de junho ele tirou todo o dinheiro”.

“Agora eu pergunto: se todos eles pagaram as contas da Febrasa, como dizem Weber Magalhães e Adão Nunes, porque houve bloquei judicial de débito com o INSS? Porque a federação deve tanto a ponto de se falar em abrir uma nova entidade?”, indaga Alex.

Nova federação estava nos planos

No dia 23 de julho, em reunião realizada no Clube Minas Brasília Tênis Clube com os árbitros, cronometristas e mesários  Arati Tadeu afirmou que fecharia a Febrasa e que teria o apoio político para isso, inclusive de Weber Magalhães, vice-presidente geral da CBFS. “Por várias vezes o presidente disse que Alex Borges de Sousa, William Cleber de Sousa Farias e Pedro Rodrigues Carvalho, respectivamente presidentes da AJJR Futsal, Fut’Art e Cresspom são os cânceres do futsal de Brasília e ele lutou contra esses cânceres e os afastou do futsal. Ele contou ainda que o Carvalho é o único que continua, mas que mesmo assim daria um jeito de excluir o Cresspom e  fechar a Febrasa”, revela Alex Borges.

Vigas, Gênesis, Nova Geração e Refec são os clubes “apadrinhados” por Arati, pois, segundo ele, “iria anistiar as dívidas para que eles votassem a favor de fechar a Febrasa”. Essas são palavras proferidas pelo presidente durante reunião no Minas.

O repúdio das ações do presidente é exposto pela maioria dos associados. “Primeiro lugar, existe lei nesse país. Ele não pode fechar a Febrasa de forma irregular, porque há normas a cumprir na legislação brasileira, tanto do Código Civil, quanto as normas da Receita Federal, do INSS, as normas trabalhistas e o próprio estatuto da Febrasa”, contesta Alex.

Ele se indigna com o presidente e com a possibilidade de haver facilitações aos demais e jogar fora toda a história da Febrasa. “A partir do momento que a pessoa não tem conhecimento disso, acha que é só fechar? Não é. Há as dívidas a pagar com as ações trabalhistas de três funcionários, impostos atrasados, contador, fornecedor de cartucho e advogados que ele contratou indevidamente sem autorização da assembleia. E os processos que estão na Justiça comum?”, questiona.

A aposta em uma nova instituição sem dívidas e com as mesmas pessoas é o que incomoda alguns associados. “Arati diz que ‘convidou as pessoas para o novo, para o futuro’. Esse novo é uma nova federação que ele vai abrir. Ainda de acordo com o presidente da atual federação, se ele [Arati] não puder ser o presidente “legal” da nova entidade, de qualquer forma, ele mandará. ‘O que importa é que será uma federação nova, sem doença, sem o câncer do futsal, que não vai ter nada’”, conta um dos presentes na reunião no Minas e que não quer se identificar por medo de represália.

Alex se indigna com as frases proferidas pelo presidente da entidade. Segundo Borges, isso é para pressionar, amedrontar os associados. “Ele quer que todos tenham medo dele. Faz isso para impressionar, para impor suas vontades”.

O presidente da AJJR fica estarrecido com tamanha falta de respeito com a história da Febrasa e questiona: “Como abrir uma federação nova com as mesmas pessoas, com os mesmos que endividaram a federação anterior? A CBFS, por mais que ela esteja com problema, pode até vir, em primeiro momento, acatar essa nova entidade. Só que, a partir do momento em que houver decisão judicial, por liminar ou qualquer outro documento da Justiça, ela é obrigada a manter a velha até que se termine a demanda na Justiça e a quitação de todos os impostos e outros débitos”.

O grupo formado por Alex Borges, William Cleber e Pedro Carvalho só quer a legalidade. Por isso, eles indagam: “todos os demais associados acham correto dar o calote em funcionários? Nos árbitros? Nos credores externos? É isso? Ninguém se coloca no lugar das pessoas que são credoras da entidade? Elas são trabalhadoras, precisam pagar suas contas. Será que ninguém observa isso?”

Uma preocupação também de um dos denunciantes é que o presidente, quando questionado sobre dívidas com árbitros e outras pessoas, afirma que vai pagar quando tiver dinheiro, porém, o que ele chama a atenção é para a condição profissional de Arati Tadeu. “No meu entendimento, ele não vai pagar nunca, porque essa pessoa, presidente da Febrasa, não tem emprego. Ele não trabalha. Está tirando o pouco que entra na Febrasa e não quer prestar contas”.

“Quando uma pessoa é correta e alguém o questiona sobre algum número ou o acusa de alguma irregularidade, a primeira ação de quem está sendo acusado é provar o contrário e o mais rápido possível. Mas ele não quer prestar contas. Não quer saber de conversa. Quer apenas impor força e ameaçar as pessoas”, retruca Alex.

Interferência política

Se a situação já não é fácil com os associados, imagine quando interferências políticas acontecem. Essas intervenções são difíceis de administrar e pior ainda quando há indícios de ilícitos, porque a pressão é grande e muitas vezes atropelam toda e qualquer chance da lisura, como relatam os denunciantes.

E não é para menos. “Dia 9 de fevereiro deste ano, recebi uma ligação de um associado, o William Cleber, informando que o grupo havia sido convidado para uma reunião no gabinete do deputado distrital Julio César Ribeiro. Eu, o  William fomos, mas o Carvalho não pode comparecer. Estavam presentes José Antônio, que é presidente das associações das federações e também advogado do deputado Julio César; e Rodrigo, principal assessor do Julio; e claro, o Jhonathan Andrade, vice-presidente da Febrasa. Tratamos de assuntos da federação, das pendências da entidade e outros assuntos”, revela Alex.

“Durante as conversas, Dr. José Antônio solicitou que a gente retirasse os processos, porque a gente só teria algum apoio para o futsal em Brasília se tirasse as ações da justiça comum. Senti uma pressão nesse momento, mas não recuei”, revela Alex.

Para William Cleber, representante da Fut’Art, “a reunião era para propor momentos de paz, para tentar amenizar os problemas”. Mas Alex contesta e afirma que o vice-presidente, Jhonathan Andrade, estava lá e diz que ele tentou interferir em sua decisão. “O advogado me convidou para fazer parte do grupo que ia reformular  o estatuto da Febrasa, mas a condição para isso é que não houvesse mais ações contra a Febrasa. Apoio foi pedido, isso é verdade, mas ficou bem claro: ‘ou a gente tirava as ações ou nada de apoio’. Para mim é claro: deixa toda a irregularidade e a gente beneficia vocês. Mas eu não aceito”, rebate Alex.

William Cleber insiste que a intenção “era promover a união, o bem-estar entre os associados”, comenta. E complementa: “Na realidade, a reunião teve o intuito de tentar amenizar os problemas e buscar uma solução para a Febrasa”. Mas Alex Borges contesta: “A solução apresentada foi para a gente tirar as ações judiciais. E afirmaram: pela parte do Fut’Art e  Cresspom estava tudo certo e o Cresspom não teria nenhum problema, mas o Carvalho (representante legal do Cresspom) não foi consultado sobre estas propostas. Se tirássemos as ações, estaria tudo bem. Mas não abri”, revela Alex.

Segundo o grupo, também já não era mais possível tirar. “As ações já estavam correndo na Justiça e os processos que contestam as eleições foram apresentados na 16ª Vara Cívil de Brasília”.

Questionados sobre as contrapartidas do pessoal do gabinete do deputado Julio Cesar, eles revelam: “A primeira contrapartida que se ofereceu foi regularizar a situação da AJJR de Futsal, que era uma entidade correta dentro da federação, que paga em dia, às vésperas das eleições, teve seus direitos suspensos, de forma indevida, irregular, pelo presidente do Tribunal da Justiça Desportiva, que não podia fazer isso, porque era assunto administrativo, assunto de assembleia”.

“A outra contrapartida foi dita que: qualquer apoio financeiro ao futsal do DF está vinculado aos processos. Se retirasse os processos, tanto a Febrasa quanto qualquer outra entidade que vier pleitear recursos financeiros que a gente faça parte serão beneficiados pelos programas para apoiar o esporte  do Estado”.

O deputado Julio Cesar Ribeiro afirma que apenas tentou acabar com as brigas. “Atendi a um pedido de outra pessoa que milita no futsal, para propor aos dois lados uma trégua. Não tive intenção de interferir e, sim, ajudar”. E completa: “são muitos os pedidos feitos em meu gabinete”.

Jonathan Andrade, então vice-presidente da Febrasa, negou-se a prestar quaisquer esclarecimentos à reportagem. Depois de várias insistências, Jonathan foi incisivo: “Renunciei ao cargo e não quero falar sobre o assunto”.

Em outra oportunidade, questionado sobre como foi parar na federação, Jonathan Andrade também se recusou a esclarecer. O advogado do distrital Julio Cesar Ribeiro (PRB) se diz membro do Tribunal Desportivo da Febrasa. A informação partiu de uma conversa informal à beira de campo, durante final do campeonato feminino de futebol, realizado no Serejão, domingo (6).

Entrevista com o presidente da Febrasa, Arati Tadeu (Trechos)

Desde 2013 há questionamentos quanto à contabilidade da Febrasa, como por exemplo, dinheiro que entra e que sai e que não quita despesas da entidade. Você tem conhecimento desse problema?

Por causa do afastamento do Weber Magalhães, o presidente do tribunal acumulou a presidência do tribunal e a presidência da Febrasa e convocou estatutariamente uma eleição para meses depois. Tudo de forma legal. Nada errado. Óbvio, quando assumi a federação, comecei a fazer levantamentos, escutar todos os lados e a federação estava dividida em lados. Existia um lado que era ligado diretamente ao presidente da época, que tinha sido afastado.

Por que o Weber Magalhães foi afastado?

Segundo o que foi apresentado na época, havia uma ata em que eles fizeram uma assembleia dando um prazo legal para o então presidente que havia necessidade de processar o primeiro vice-presidente que tinha autonomia da operacionalização da Febrasa e a parte financeira e ligada diretamente ao Weber Magalhães, pois havia dúvidas documentais sobre prestações de serviços. E, segundo eles, não foi cumprido. Automaticamente, o presidente da época assumiu. Posteriormente, aquilo que havia de objeto que não havia sido cumprido, o presidente “interino” cumpriu e não viu necessidade de permanecer com aquela punição. Ainda mais que era um presidente eleito. Retornou, através de assembleia, um ato do presidente interino retornando a federação ao presidente de direito e de fato, que era o Weber Magalhães.

Aí, o Weber Magalhães assumiu a federação. Nessa assembleia, esse grupo composto por Fut’Art, Cresspom e AJJR estava presente teve condições de apresentar propostas ou recusarem, não autorizarem, enfim, de ter liberdade de conversarem com todos que estavam presentes  que não deixassem que o Weber assumisse. E foram votos vencidos.

Mas o grupo contesta mais uma vez: “Não é verdade. O Weber proibiu todos de se manifestarem e disse apenas que o presidente do TJD havia devolvido o cargo e pronto final”, comenta Alex.

Então, o presidente havia sido afastado porque não levou adiante alguns questionamentos sobre o próprio vice-presidente dele. E que havia sido condicionado em assembleia?

Havia um problema apresentado pelo Alex da AJJR, um questionamento sobre uma prestação de serviço em 2013. Isso publicamente pode ser dito e foi colocado em assembleia e órgãos como a Vara Cível, Criminal e Tribunal de Conatas e MP tomaram conhecimento. E que fique bem claro que não temos nada contra a pessoa da AJJR, o Alex. Você buscar os seus direitos está mais do que correto. O que não concordo é com a forma com que se busca. No momento em que você quer buscar os seus direitos, você começa a denegrir, humilhar, começa a trazer difamações e acusações e não consegue provar nada, as coisas começam a ficar em uma situação ruim. E o que gerou esse desconforto dentro da federação antes de a gente assumir foi uma prestação de serviço de arbitragem contratada pelo então primeiro vice-presidente Adão Nunes, pela administração de Planaltina, por meio de emenda parlamentar, e que essa prestação de serviço em vez de ser para o futsal foi para o futebol de campo. Qual o valor? Não sei. Pessoas falam vários valores. Até hoje nunca vi o processo. Nunca vi a prestação de contas dessa prestação de serviço de Planaltina. O Alex entrou no TCU, no Ministério Público.

No momento em que houve esse questionamento e que foram nos apresentados alguns documentos, qual foi a orientação?  Que ele buscasse a Justiça comum. Ele exigia que a Febrasa, que quem estivesse à frente da Febrasa, processasse ou abrisse um processo contra o Sr. Adão Nunes Carvalho. Então primeiro vice-presidente do Weber Magalhães, que havia contratado essa prestação de serviço. Se você tem indagações e tem documentos, procure a justiça. Fomos procurados e o que fizemos? Nós entramos na Justiça contra o Adão para que ele então explicasse todo esse questionamento do Alex. E essa era a reivindicação desse grupo de filiados, em assembleia anteriormente à nossa gestão, que havia afastado o Weber.

Então, se nós havíamos dado entrada no processo, cumprimos o que dá-se o nome de objeto da ação, que era justamente entrar com o processo, então porque deixar o Weber fora da federação, se nós cumprimos e ele era o presidente eleito.

Vocês justificaram? Prestaram contas?

Aí vem uma segunda parte. O Alex andava com esses documentos para cima e para baixo e a gente percebia que ali existiam documentos que não eram somente de prestação de contas exclusivas de uma prestação de serviços de arbitragem pelo vice-presidente. E ele fazia questionamentos e esses foram levados a uma assembleia. Dentro de uma federação, o órgão maior de decisão é a assembleia geral. E todos os questionamentos levantados pelo Sr. Alex foram apresentados à assembleia e que eles também foram convocados e um determinado momento, com o processo em andamento, a própria assembleia decidiu, através de seus filiados, chamou-se de forma expressa o Sr. Adão Nunes, ele esteve presente à assembleia. Todos os questionamentos dos filiados foram feitos ao Sr. Adão e ele próprio se justificou. Foi colocado em votação para que se desse a continuidade ao processo ou os próprios filiados entendessem como resolvida a questão. Aí os filiados decidiram, em sua maioria, acabar com o processo.

Alex Borges já havia contestado a informação acima: “O Adão nunca se defendeu de forma oficial, apenas compareceu a uma reunião informal que foi chamada pelo Weber e não explicou nada”.

E você sabe por que surgiram essas indagações sobre a federação?

Desde 2011, o que tenho de conhecimento de 2011, porque o Weber entrou em novembro de 2010, foi passado de Rui Teles para o Weber. No início de 2011 até o final de 2013/2014, o Alex e esse grupo sempre tiveram alguma coisa para questionar e sempre buscaram seus direitos, como existem ações do Sr. Alex, com toda essa documentação e muito mais apresentada em juízo. E é só você colocar o nome da Febrasa que você vai ver, com pedidos de liminares, tutelas antecipadas, enfim, e nunca tiveram êxito. Então, se não tenho conhecimento e não tenho documentos de 2011, 2012 e 2013, como posso falar alguma coisa sobre esse assunto que eles, sim, vieram trazer em todo esse processo. E os clubes que aí estavam filiados e que me fizeram convocar uma assembleia e a assembleia resolvesse. Então, o que tenho de conhecimento é nesse sentido.

Como começou sua história à frente da Febrasa?

Esse é um segundo ponto, que aí já estou até me adiantando, é uma questão de eleição, uma eleição convocada, de forma legal. Existem duas demandas judiciais pelo Fut’Art, William Cleber, como procurador da presidente da Fut’Art, e o Carvalho, presidente do Cresspom, entraram com um processo para tentar anular a eleição. E uma eleição colocada em votação que tiveram 8 votos a favor e dois contra.

Quem pode votar?

Entidades filiadas à Febrasa e adimplentes.

Todos que votaram estavam aptos? Eles não deviam, não houve perdão de dívidas?

Calma. Olhe a sua pergunta. Sua pergunta foi quem tem direito a votar? Minha resposta é: Todos estavam em condições de votar.

Houve perdão de dívidas de associados? O presidente tem o poder para perdoar dívidas de Agorinha você me disse que havia três assíduos. A federação é formada por 9 filiados. Esses três assíduos eram adimplentes?

Desses três, dois adimplentes e um terceiro que vivia de acordos e que não eram cumpridos. Ele só fazia os acordos para poder votar, mas depois não cumpria.

Antes das eleições, quantos inadimplentes havia?

Todos estavam adimplentes.

Registra-se que Vigas, Gol de Placa, Riacho Fundo Esporte Clube e Gênesis estavam inadimplentes financeiramente e o Gol de Placa e o Gênesis estavam também inadimplentes com o cadastro as atas eletivas estavam vencidas e não tinha direito a voto.

Todos estavam adimplentes porque houve um perdão de dívidas?

Dentro das prerrogativas estatutárias e decisões monocráticas como presidente da federação, todos os atos foram cometidos de forma legal. Aqueles que têm dúvidas se foram legais ou não, devem buscar a justiça comum ou os órgãos que eles acharem competentes para questionarem a minha atitude e aí, sim, se eu achar que tenho de dar alguma explicação sobre isso, eu darei. A princípio, lhe digo, na Federação, para que houvesse eleições, com todos os atos que o Arati tomou, não havia irregularidades.

O questionamento é: você é presidente de uma federação, perdoa as dívidas dos associados e a federação chega ao fim do ano sem conseguir honrar seus compromissos, principalmente com os árbitros. Está certo isso?

Você me falou em dívida com arbitragem? Que dívidas são essas?

Todos os árbitros filiados à Febrasa que trabalharam na Copa Abarka, por exemplo. Todos receberam?

Para falar do evento Abarka, então a federação que não tem receita e você falou de dívidas. A federação é sem fins lucrativos. Uma arbitragem é uma prestação de serviços. Normalmente, quando um órgão público solicita a prestação de serviços de arbitragem, a federação é tida como repasse. É uma nota fiscal emitida pela federação. Os árbitros são convidados e convocados pelo seu diretor de arbitragem, que tem a obrigação de escalar os árbitros conforme a tabela para que seja, então, prestado o serviço. Como você deu nome a um evento específico, não posso apenas te responder se receberam ou não. Você teria de me perguntar: que evento foi esse? Como surgiu esse evento? O que aconteceu nesse evento? Quem era o diretor responsável por esse evento? Quanto ele ganhou para apitar nesse evento? Quantos jogos foram disponibilizados para esse evento da Abarka? E como um único árbitro apita 101 jogos desse evento da Abarka, sendo que você tem 60 ou 70 árbitros dentro da entidade, como então não é distribuído de forma heterogênea a quantidade de jogos ou rodadas para demais árbitros?

E aí, quando você me faz essa pergunta, eu entendo cada problema referente à Febrasa. Mas você acaba misturando lá atrás situações em que possam ter reivindicado direitos. Assim como você me perguntou como pode uma instituição perdoar a princípio ter uma dívida e haver um perdão. No momento em que você não causa dolo e não causa prejuízo a terceiros e há uma prerrogativa de como presidente de que o presidente pode tirar decisões.

Mas houve perdão da dívida ou não?

De clubes? De entidades filiadas? Inclusive do próprio Fut’Art, do Sr. William, que pediu para que dívida fosse perdoada na época. E foi dado o perdão a ele como a outros associados.

Segundo William Cleber, o que houve foi negociação de dívida e ela foi paga. “Perdão, não houve”.

Em Brasília, há pouquíssimas competições da federação, principalmente por conta das dificuldades. Porque os árbitros da federação não podem apitar nessas competições?

Nunca foram proibidos. Você acabou de falar um termo importantíssimo: árbitros de federação. Todo início de ano, os próprios filiados, e é prerrogativa estatutária, você aprovar um regimento de taxa, porque você segue um regimento de taxa de quem você é filiado. A Febrasa é a única federação filiada à CBFS. Ela determina um regimento de taxa e suas federações acompanham. Então no início do ano, você aprova em uma assembleia, um regimento de taxa. Pra você ter uma ideia, aprovado um valor de R$ 370, por rodada, numa categoria adulta. R$ 185 para cada time, além da sua mensalidade ou anuidade.  Por isso é que causa uma inadimplência durante o campeonato. Por isso é que às vezes um clube está hoje com sua mensalidade paga, amanhã, vai jogar bola, de repente, a do mês passado está pago, mas amanhã tem de pagar R$ 370 e ele não tem o valor. Por isso você vai usar o tapetão? Fazer com que o cara perca os pontos na segunda-feira, em um campeonato em andamento?

Regimento de taxa, eu brigo por isso. Havia um monopólio de arbitragem no DF e esse monopólio está acabando. Porque a federação brasiliense de futebol de salão, no ano de 2014, promoveu um curso de arbitragem. Há muitos anos não se promovia um curso de arbitragem no DF. Não se abria o direito para que outros árbitros se tornassem árbitros federados. Foi dada a oportunidade, quarenta e poucos árbitros foram formados. Tivemos na cidade campeonatos apitados por eles, para que esses árbitros tivessem suas horas complementares comprovadas. E que hoje temos hoje uma divisão na Febrasa de forma positiva. Se hoje eu posso pegar um campeonato em uma região administrativa, e tenho que colocar uma arbitragem de R$ 100, eu vou colocar os árbitros recém-chegados, que eles precisam de demandas de jogos para se tornarem grandes árbitros.

O único evento que eu proibi, como presidente da Federação, que qualquer árbitro da Febrasa vá é todo e qualquer evento que o Sr. Átila Morais estiver vinculado. Ou seja, se ele está na Abarka, ele pegou o evento da Abarka, árbitro da Febrasa não vai. É um direito meu como presidente. Você pode perguntar: Ah, Arati, você está levando para o lado pessoal? Interprete como quiser. Não vai.

Lá em Formosa, ele pegou o campeonato do Salomão. Falei: também está proibido. Em Formosa e Sobradinho estão proibidos árbitros  federados apitarem. Recentemente, o Jonas perdeu a diretoria, e houve um questionamento. Nós trouxemos o Márcio, que é do grupo, foi homologado pelos próprios árbitros por unanimidade. Não para ser o diretor de arbitragem, mas como é assessor da presidência para ser o elo junto aos árbitros, pois eu não vou ficar discutindo com árbitro. Tem de ter alguém para estar à frente. Então o Márcio é o elo junto à arbitragem. E, recentemente, teve uma proposta e uma confusão, porque disseram que a JFL iria apitar os jogos da Liga Candanga e que eu teria proibido os árbitros a apitarem os jogos da liga candanga. Eu não posso fazer isso. Se eu tivesse demanda que suprisse lá fora, ninguém apitaria lá fora. Agora, como eu não vou deixar um árbitro que tem aquela necessidade, que precisa estar com demanda de jogos, justamente para pitar, eu proibir. É uma honra pra gente, até para calar a boca de muitos que podem dizer: a Febrasa não está aqui na liga, mentira. Se eu tenho árbitro Febrasa, automaticamente está lá a Febrasa.

Considerando que existem pessoas dentro da Febrasa que têm empresas de arbitragem, para você isso foi um problema administrar essa questão ética?

É um problema. Tenho o problema até hoje. Se eu tinha um quadro de 60 árbitros e eles trabalham para a minha empresa e aí eu como dono da empresa tenho quase 95 eventos que acontecem aí fora. E apita, ou seja, eles vão prestar o serviço por um valor muito menor do que foi regimentado pela federação. Detalhe: eu não pago hoje tudo, mas vou pagar amanhã, mas tenho vários jogos. Eu, como árbitro, às vezes vivo disso, acabo tendo a minha receita familiar por causa daqueles eventos que a empresa me permite. Eu, como federação, tenho alguns jogos de campeonatos por categoria para cobrar R$ 370, por jogo. Pago um valor diferenciado. O cara vai lá para Brazlândia para apitar um jogo, sendo que se eu for pela empresa, vou apitar 10 jogos a R$ 30. Eu vou ganhar R$ 300 naquele dia. Aí ele não vai. Sabe por quê? Ele não é funcionário, não é empregado. Ele é um prestador de serviço para a federação. A diferença é que ele tem a possibilidade, quando ele é da federação, de ser promovido a árbitro de confederação.

Como estão as questões financeiras da entidade?

Quando eu cheguei à federação como presidente, havia dois funcionários. Uma semana fazendo auditoria de tudo que era necessário, os dois funcionários abandonaram a federação. Eles entraram na Justiça e um pede R$ 50 mil de indenização e o outro também. Só aí já vai R$ 100 mil em dívida, porque a Febrasa nunca havia recolhido FGTS. Eu já entro na Febrasa com uma demanda perdida, porque os funcionários não tinham o FGTS e nem INSS e cai nas costas do atual gestor, sendo o responsável, se não houver receita, eu ter meu nome levado civil e criminalmente para pagar esses valores que são referentes a esses funcionários. O que é pior: toda a documentação da Febrasa não existe mais. Sumiram. Não tenho documentos. Se hoje você me pedir o acervo da Febrasa, não tenho. Sumiu tudo. Computadores estavam sendo monitorados por outras pessoas.

Decisões arbitrárias 

Sexta-feira (4), mais um ato do presidente do TJD/Febrasa foi divulgado. No documento, o ato 77/2015 pune todas as equipes que assinam o edital de convocação para a assembleia geral extraordinária. Informado de que o ato é inconstitucional, o presidente da Febrasa, Arati Tadeu, disse que o depende da interpretação.

A reportagem do ViverSports  ligou para sete integrantes dos tribunais desportivos no Brasil e todos (unânimes) em dizer que o edital que convoca a assembleia geral está dentro de todos os quesitos legais, mas que os atos emitidos pelo TJD estão completamente fora dos parâmetros legais “e que pela arbitrariedade, não merecem ao menos discussão”.

Alex Borges afirma que tem documentos que comprovam aos associados e a Justiça todos os atos ilegais das duas últimas gestões na Febrasa, de Weber Magalhães e Arati Tadeu. “Minha briga é pela regularidade e transparência nas questões administrativas da entidade. Não quero nada além disso”.

Competições

“Em nove meses de gestão, o atual presidente, Arati Tadeu, conseguiu apenas fazer uma competição, o Sub 20 masculino, assim mesmo com a participação de filiados inadimplentes: Vigas, Riacho Fundo Esporte Clube e Nova Geração. Inclusive, este evento foi suspenso no dia 4 último, por conta do ato irregular nº 77/2015, do presidente do TJD-Febrasa, Newton Antunes de Oliveira Junior, pai do presidente da Febrasa, Arati Tadeu”.

Assembleia geral extraordinária

Os associados ignoraram completamente os atos publicados pelo presidente do TJD-Febrasa, pois, segundo eles e de acordo com o Estatuto da entidade, o presidente do tribunal desportivo não tem poder para atuar na área administrativa. Eles mantêm a convocação para a assembleia geral extraordinária, terça (8), às 14h, no clube Cresspom.

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