Há pouco mais de um ano entrou em cena o Leões de Judá. A equipe é formada por atletas com idades entre 17 e 47 anos e o diferencial é ser um time cristão em meio a um esporte considerado truculento.
O futebol americano não é dos mais populares esportes praticados no Brasil, mas vem crescendo consideravelmente. No DF, as últimas informações contam que há quatro times. Em meio a essa ascensão, surgiu, há pouco mais de um ano, o Leões de Judá.
A ideia de formar a equipe surgiu em um encontro dos membros de uma igreja evangélica. “Estávamos em um retiro da igreja, na época do Carnaval e um amigo havia levado uma bola de futebol americano. Vimos ali, durante a brincadeira entre todos, uma possibilidade de formar um time”, conta Diego Marcos de Jesus, 25 anos, vice-presidente do time.
Adalberto Patrocínio, presidente e técnico da equipe, e Diego Marcos levaram a ideia adiante. Em março do ano passado, abriram um perfil no facebook e realizaram uma seletiva. Atualmente, a equipe conta com aproximadamente 70 atletas. “Em uma partida oficial, é possível escalar até 55 atletas”, informa Diego.
Para participar, não é necessário que o atleta seja cristão. Mas, segundo o vice-presidente, eles têm suas próprias regras: “Não toleramos nenhum tipo de palavrão e controlamos bem isso. O que não vem pelo amor, vem pela dor. Quem xingar tem de pagar flexões. Assim como no judô, que não é permitido, também não permitimos. Tudo por uma questão de respeito, com o próximo e com o esporte”.
Segundo Adalberto Patrocínio, o Dadau, não existe um perfil físico para participar. A idade varia entre 17 e 47 anos “Costumo dizer que o perfil é ter sangue no olho. Temos os mais pesados, que atuam na linha de ataque e defesa – trincheira. Há os médios, defensive backs, fullbacks, e os mais leves, que são os recebedores”.
Os treinos da equipe ocorrem todas as terças e quintas-feiras, à noite; e sábados, à tarde. Para participar, é preciso fazer uma seletiva, mas os responsáveis logo avisam que ninguém recebe remuneração para jogar. “A gente faz pelo prazer de praticar esse esporte e a expectativa de ver o futebol americano cada vez maior em nosso país”, avisa Diego Marcos. As seletivas ocorrem de três a quatro vezes por ano, sempre amplamente divulgadas em redes sociais.
Falta apoio
Embora o futebol americano esteja crescendo no Brasil, ainda falta muito para chegar a um patamar profissional no Distrito Federal. Os atletas da modalidade reclamam que não há espaço no DF para a prática do esporte. “Não tem campo aqui e, na verdade, não há nenhum campo de futebol americano na região Centro-Oeste”, diz Diego.
Atualmente, eles utilizam uma área próxima ao metrô, em Taguatinga Sul. Outras áreas utilizadas por outras equipes para treinamento ficam mais para o centro, na Esplanada dos Ministérios e no Cave, Guará.
Eles acreditam que é possível dividir o espaço com outras modalidades, mas esperam há algum tempo que as autoridades tome providências e destinem áreas para a prática do futebol americano.
Além da falta de espaço, os atletas também passam por dificuldades para adquirir os equipamentos, que não tem no Brasil. Todo o equipamento vem de fora e é caro. Segundo Diego, os que têm condições adquirem, os demais esperam. “É difícil até escalar os atletas para uma partida, pois faltam equipamentos. Mas a gente se vira como dá”.
Paulo Bernardo, pai de Thyago Silva, 23 anos, fala do quanto o esporte foi importante para o filho e também relata a falta de apoio. Segundo ele, adquirir os equipamentos é muito difícil e oneroso e nem todos têm condições. “Vejo que Thyago tem desenvolvido o raciocínio e está fisicamente melhor. Está com a autoestima mais elevada. A modalidade tem feito muito bem a ele. Se tivesse mais apoio, teríamos mais atletas praticando esporte e elevando mais ainda a modalidade”.
Campeonato está na fase final
As equipes do DF estão participando do Campeonato Candango de Futebol Americano, que iniciou em 15 de março. Domingo (23), o Leões de Judá enfrentou o Brasília Alligators, pela segunda rodada, e venceu o adversário por 17 x 14.
“O Leões de Judá estreou seu uniforme oficial e, junto ao Alligators, proporcionou um verdadeiro espetáculo para os torcedores que compareceram neste domingo chuvoso e que nem por isso deixaram o clima esfriar. Com gritos e mensagens incessantes de apoio, a torcida certamente foi um 12° jogador, indispensável para essa vitória”, comenta em sua página oficial o atleta Diego Teixeira.
Com o feito, o time disputará o terceiro lugar, contra a mesma equipe, sábado, a partir das 9h30 em Goiânia, no clube da ASBEG. A grande final será entre Brasília V8 e Vila Nova Tigres.