Criado em 26 de março de 1959, o Grêmio Esportivo Brasiliense já fez parte da elite do futebol candango, sagrando-se campeão no ano de sua fundação e em 1970. Hoje, os tempos são outros, tanto para o Grêmio quanto para futebol local.
Há muitos anos, a equipe não figura mais na elite do futebol candango, que também anda combalido há um bom tempo. Mas hoje, o que estará em evidência é uma grande família que mantém a chama do espírito esportivo do Grêmio acesa. São personagens que, de 2005 para cá, fazem parte da história do clube no futebol amador do DF.
Entre essas figuras apaixonadas está Josué Marques de Souza, 64 anos, – conhecido por “Seu Josué” –, vice-presidente do clube. Que também é carinhosamente chamado pelo grupo de Mestre dos Magos, personagem do desenho animado intitulado “Caverna do Dragão, que sumia e aparecia com a mesma velocidade.
O cearense veio de Sobral para Brasília, em 1970, ano em que assistiu ao segundo título do clube. “Não tive o prazer de vê-lo campeão em 1959, mas acompanhei a conquista em 1970, pela Primeira Divisão do DF”, conta Seu Josué.
O time tem como presidente Francisco Antunes, mas o personagem mais conhecido no meio futebolístico é, sem dúvida, Josué, que não esconde a satisfação de fazer parte dessa grande família. “Tenho muito orgulho de fazer parte desta agremiação. A luta e o esforço são enormes. Estamos nessa caminhada por vários anos, mas o que mais me encanta é o respeito e a grandeza do Grêmio”.
O Mestre dos Magos tem o apoio incondicional da família – sua esposa, Ana Lúcia da Silva, e os quatro filhos. Ele faz de tudo para manter o Grêmio participando ativamente do amador do DF. “Não meço esforços para participar dos campeonatos daqui e fora. Mesmo quando o clube não tem condições financeiras, procuro empresários e sócios da agremiação para nos ajudar”, conta Josué.
Ele faz por que acredita que os atletas têm paixão pelo clube e merecem ter a chance de defendê-lo. “Todos os jogadores que jogam no Grêmio, vieram pela grandeza do clube”, afirma. Segundo o Mestre dos Magos, há nomes que merecem destaque, pois chegaram ao time amador em 2005 e estão até hoje.
A história no futebol amador começou com o time Universo, que foi incorporado pelo clube e passou a usar o nome do Grêmio. Éder Leão, 40 anos, é um dos mais antigos. Tanto atua como jogador quanto também ajuda com as questões burocráticas. Segundo ele, Seu Josué começou a montar o time com o propósito de voltar ao profissional. “Ter a simpatia e o respeito do casal Josué e Ana é muito bom. Quero muito ajudar o Seu Josué a realizar o sonho de colocar o Grêmio no profissional”.
Para o atleta e diretor financeiro, o que mais chama a atenção de todos é que o grupo é muito unido e só ficam as pessoas de boa índole. “A gente procura manter um ambiente familiar. Essa é a minha maior satisfação”, diz Éder.
Assim como Éder, Rosinaldo Bento da Silva, 50 anos, está no time desde quando ele ainda era o Universo. Ele era o capitão da equipe e até hoje faz parte do grupo, não mais como atleta. O Capitão sempre acompanha a equipe em seus duelos, seja no DF ou fora. “O que me faz permanecer é a amizade. Também nunca vou esquecer a viagem que fizemos em 2006, para Gurinhatã”. O Capitão não esconde a garra do grupo na busca de realizar o sonho do Seu Josué, que é a volta ao profissional.
Leandro da Silva Matos (Rincón), 28 anos, também integra a equipe desde 2005. Segundo ele, Seu Josué é um dos responsáveis por sua permanência, assim como todo o grupo. “Seu Josué sempre me ajudou e faz de tudo para eu estar com eles. O respeito e a consideração que os jogadores e dirigentes têm comigo é muito gratificante”, destaca Leandro.
Compromisso e amizade garantidos
São vários os personagens do Grêmio e eles são unânimes em afirmar que a amizade e o espírito familiar são os pontos fortes da agremiação. Valmir dos Santos Freitas, 34 anos, chegou em 2005. “O que mais gosto é o fator amizade. Espelho-me muito no Seu Josué e sempre que preciso de algo, recorro a ele”.
De 2005 para cá, muitas emoções em diversas participações em competições dentro e fora do DF. Mas a que mais marcou foi o Torneio de Futebol, em Gurinhatã-MG, em 2006, quando viajaram pela primeira vez e foram campeões.
“Estarei velhinho e jamais esquecerei aquela emoção. Sei que chegará a hora de parar, mas quero continuar com outras funções. Meus filhos estão crescendo e desejo que sejam jogadores no clube. Sinto-me feliz em fazer parte dessa família”, acrescenta Valmir.
Reinaldo Ferreira Pinto, 33 anos, também chegou em 2005 e destaca a união do grupo. “O que mais gosto é a amizade e a relação com o Seu Josué, que é de muito respeito”.
Wilson Bernardo Cerqueira, o Zeca, é um dos craques do time. Na equipe desde o início, o atleta não mede palavras para elogiar o grupo. “As amizades são o que mais me motivam. Estou aqui pelos meus amigos e pelo Seu Josué, que é dez”.
Zeca se contundiu e ficou longe dos campos por bom tempo. Ele corria o risco de não voltar. “Quebrei o tornozelo e fiquei 11 meses afastado. O médico disse que eu não jogaria futebol mais. Fiz tratamento e voltei um mês antes de irmos para Gurinhatã, onde fomos vice-campeões”, lembra. E completa: “Acho ótimo estar no Grêmio. O Éder é muito gente boa e faz tudo pelo time. Somos muito amigos e confio plenamente nele e no Seu Josué. O grupo é muito unido. O Grêmio é minha segunda família”.
Ambiente agradável e disposição para trabalhar pelo clube
A unidade do grupo também chama a atenção de quem está de fora. Aleandro Pereira dos Santos, 32 anos, o Léo, veio para o clube há cinco anos, a convite do técnico Marcos Correa. “Admirava o time e, até então, não tive a oportunidade. Mas quando o Marcos me chamou, vim logo para fazer parte do elenco”, conta Aleandro.
O atleta conta que estar no Grêmio é maravilhoso, pois no clube, conquistou amizades importantes. “No Distrito Federal, é muito difícil fazer amizades, mas aqui, até as pessoas que não são da minha época, acabaram virando grandes amigos”.
Léo destaca a importância do clube para sua vida. “Faço parte de uma família. Tenho paixão por estar aqui e sempre que posso, tento ajudar. A gente corre atrás de patrocínio para participar dos campeonatos e consegue. Estou disposto a ajudar e acho que todos nós temos de contribuir para que o amador não venha a se defasar”.
Josuel José da Purificação, 28 anos, é um dos mais novos no grupo. Em um jogo em que teve o Grêmio como adversário, recebeu o convite para atuar na equipe. “Para mim, foi o reconhecimento do meu trabalho. Nem todos têm essa oportunidade. Muita gente gostaria de estar aqui. E tenho de destacar também que fui muito bem recebido por todos”.
O jovem atleta conta que ficou impressionado com a seriedade do trabalho. “Aqui, as pessoas aceitam bem a voz de comando. É bem organizado e tudo dá certo. Não tenho nada para reclamar, pois é um time bem unido”.
Trabalho sério dos comandantes
A comissão técnica do Grêmio é formada por Marcos Correa, técnico, e o auxiliar Rafael Milhomem. “Chegamos ao time e conseguimos implantar essa filosofia de família. Levamos uns cinco meses para selecionar um bom grupo. Hoje, só temos pessoas que querem estar conosco”, lembra Marcos Correa.
São quatro anos no comando técnico do Grêmio e as dificuldades são rotineiras, principalmente para participar de torneios fora do DF, pois, na maioria das vezes, a equipe está desfalcada, devido aos compromissos dos atletas. “Quando viajamos, montamos duas equipes dentro do ônibus. É um sufoco, mas a gente faz por amor”.
O trabalho, de acordo com Marcos, é puxado, mas para ele, a maior alegria é poder estar no Grêmio. “Agradeço muito ao Seu Josué, por ter me dado a oportunidade de trabalhar em um time grande. Aprendi muito com ele, que é uma pessoa fantástica. Assim como agradeço demais ao Éder, pela amizade”.
Nesses quatro anos, Marcos esteve afastado durante um período curto.“Passei alguns meses fora, mas logo voltei. Propus ao Seu Josué realizar um novo trabalho e hoje estou aqui”.